Leandro Quadros

Um modelo de governo para o Brasil

Mesmo que a maior política do cristão seja a de Mateus 7:12 (não fazer aos outros o que não queremos que nos façam), isso não significa que devamos ser indiferentes com a realidade do nosso País. Além disso, o fato de não fazermos política partidária não nos isenta de sermos cidadãos responsáveis pela melhoria da sociedade.

Em vista disso, gostaria de refletir sobre um modelo de governo que encontrei num livro apócrifo (não inspirado) chamado 1 Macabeus, que retrata a história do povo judeu na época helenística. Estou lendo esse material como se lê um livro “secular”, do qual se pode extrair boas lições mesmo que não seja inspirado.

Ao ler (na Tradução Ecumênica da Bíblia – TEB) sobre o  que se tornou a terra de Judá em 172 a.C sob a liderança o governo de Simão,  imediatamente pensei no corrupto Brasil. Disse comigo mesmo: “que bom seria se esse país fosse um lugar digno para os brasileiros, como o era o território de Judá para os israelitas”.

Características do governo em Judá que deveriam existir no Brasil

O governo de Simão não era abençoado por acaso. Além de muito trabalho, exigiu planejamento e ações pontuais para a melhoria da qualidade de vida de todos os cidadãos.

Veja e se impressione:

#1 – O governante procurava o bem da nação, não seus próprios interesses: “Gozou a terra de Judá de repouso durante todo o reinado de Simão e ele procurava o bem da nação” (1Mc 14.4). Consequentemente, sua autoridade “foi bem aceita pelos seus” (1Mc 14.4), ou seja: tinha o respeito que conquistou por merecimento.

#2 – Todos tinham emprego e fartura: “Cultivava cada qual em paz a sua terra, o solo dava seus produtos e as árvores das planícies os seus frutos” (1Mc 14.8).

#3 – Todos eram muito prósperos, inclusive os aposentados: “Os anciãos, sentados pelas praças, só falavam de prosperidade” (1Mc 14.9a)

#4 – Os jovens não passavam necessidades, tinham boa educação e se orgulhavam do país: “Os jovens envergavam trajes de gala e esplêndidas armaduras” (1Mc 14.9b)

#5 – Os outros países falavam bem da nação: “… a ponto de ser celebrado seu glorioso nome até nas extremidades da terra” (1Mc 14.10b). Até mesmo Roma e Esparta reconheceram o quanto a terra de Judá era abençoada (ver 1Mc 14.16-49).

#6 – Havia segurança, e ninguém vivia mais com medo de ser roubado ou assaltado: “Fez (Simão) reinar a paz na terra e grande foi a alegria de Israel. Sentou cada qual à sombra de sua videira e de sua figueira e não havia quem lhes infundisse temor” (1Mc 14.11-12).

#7 – Os bandidos foram eliminados de uma vez por todas: “Da terra deles desapareceu todo agressor e os reis [ímpios] foram esmagados naqueles dias… E suprimiu todo ímpio e malvado” (1Mc 14.13-14b)

#8 – Os menos favorecidos também eram ajudados: “Amparou todos os humildes de seu povo” (1Mc 14.14a)

#9 – Deus e Seus princípios eram respeitados: “Observou a Lei… Cobriu de glória o santuário e de numerosas alfaias [adornos, enfeites] o enriqueceu” (1Mc 14.14b, 15).

Como os brasileiros viveriam com dignidade se nosso país corrupto e cheio de impunidade, adotasse ao menos essas nove características!

Almeje uma Pátria Superior

Você e eu como cristãos (ou não cristãos) podemos e devemos sonhar com um governo justo e honesto como esse descrito em 1 Macabeus 14. Precisamos contribuir para isso exercendo nosso direito de cidadania através do voto, considerando atentamente as dicas de Ellen G. White para a escolha de governantes.

Afinal, Jesus veio para que tenhamos vida em abundância já na presente vida (Jo 10.10), e somos responsáveis diante de Deus e da sociedade em tornarmos o mundo melhor (cf. Mt 5.14-16).

Devemos viver bem em família (1Pe 3.7), dar bom exemplo aos incrédulos (1Pe 2.12), nos sujeitarmos às autoridades (1Pe 2.13), praticar o bem (1Pe 2.15), viver felizes e em harmonia com as leis do país (1Pe 2.16), tratar “a todos com o devido respeito” (1Pe 2.17) amando aos irmãos, temendo a Deus e honrando os governantes (1Pe 2.17).

Obviamente é também nosso dever fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para aliviarmos o sofrimento da humanidade (Tg 1.27). Entretanto, não devemos negligenciar a pregação do evangelho eterno (Mt 28.18-20; Ap 14.6-12), pois nossa pátria não pertence a esse mundo:

Em vez disso, esperavam eles uma pátria melhor, isto é, a pátria celestial. Por essa razão Deus não se envergonha de ser chamado o Deus deles, pois preparou-lhes uma cidade (Hb 11.16, NVI)

Seremos cidadãos em definitivo da “pátria melhor” após a volta de Jesus (Dn 2.44-45; Mt 24.30-31; Hb 11.16) quando “a soberania, o poder e a grandeza dos reinos debaixo de todo o céu serão entregues nas mãos dos santos, o povo do Altíssimo” (Dn 7.27).

Nesse momento haverá um único governante: o Criador amoroso, cujo reino “será um reino eterno, e todos os governantes o adorarão e lhe obedecerão” (Dn 7.27).

Por isso, almeje esse reino. Invista seu tempo e recursos nele. Viva dignamente e lute por seus sonhos enquanto o aguarda. Seja um amigo ou amiga de Jesus e mantenha seu foco nEle (Hb 12.2), para que sua vitória final seja garantida:

Portanto, já que estamos recebendo um Reino inabalável, sejamos agradecidos e, assim, adoremos a Deus de modo aceitável, com reverência e temor (Hb 12.28)

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2 respostas

  1. Olá, gostaria que o senhor me explicasse oque são os livros apócrifos. E se é saudável estuda-los.
    Pois que eu me lembre, existe um em especial que fala sobre o arcanjo que veio a Terra.
    Desculpe se me confundi em algo…
    Pois, gostaria muito de ter o assunto exclarecido.

  2. Boa tarde, professor Leandro. Gostei muito de suas considerações a cerca do assunto sobre uma pátria melhor. Achei interessante a escolha de um livro apócrifo para argumentação. Com relação a isso, tenho vontade de fazer leitura de outras traduções bíblicas, entretanto, nunca pensei em ler, mesmo que de maneira secular, os livros apócrifos. Como deverá ser meu preparo e minha visão a cerca da leitura desses livros acrescentados a bíblia? Sabendo que não são inspirados e, consequentemente, não representam a verdade de Deus, visto que, não foi o SENHOR mesmo que os inspirou, como devo considerá-los? A bíblia fala em Apocalipse 22:18-19 sobre àqueles que acrescentam ou retiram palavras da sua verdade. Devo, mesmo sabendo sobre a não inspiração desses livros, fazer a leitura dos mesmos e empregá-los para aplicação em minha vida? Quem os escreveu? Existem doutrinas falsas nesses escritos?
    Essas são minha dúvidas, espero considerações.
    Que Deus abençoe sua vida imensamente.

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Sobre o Autor
Prof. Leandro Quadros

Com mais de 20 anos de ensino sobre a Bíblia em igrejas, congressos e programas de TV e rádio, desenvolvi diversos conteúdos – e-books, audiolivros e cursos; para compartilhar os meus aprendizados e tornar acessíveis temas teológicos complexos.

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