Leandro Quadros

O argumento fracassado dos observadores do domingo – Apocalipse 1:10

Os observadores do domingo, em uma tentativa desesperada de defender o indefensável, apelam aos pais da igreja e ao texto de Apocalipse 1:10 para “provar” que o “dia do Senhor” não é o sábado. Leiamos o texto:

“Achei-me em espírito, no dia do Senhor, e ouvi, por detrás de mim, grande voz, como de trombeta” Apocalipse 1:10.

 

 

Eles pecam em duas coisas:

1) Em usar a autoridade dos pais da igreja no lugar da autoridade da Bíblia (Jo 17:17);

2) Em dizer que a expressão grega Kuriakê heméra (Dia do Senhor), utilizada em Apocalipse 1:10, se refere ao primeiro dia da semana.

Vamos analisar a fragilidade dessa argumentação e mostrar que a Bíblia continua sendo a autoridade para o cristão que respeita a Deus e a autoridade de Sua Palavra.

Os pais da igreja

Mesmo tendo sido homens piedosos em suas épocas, não podemos fazer de tais homens nossa autoridade final em assuntos doutrinários. Isso por que “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens.” (At 5:29).

Veja no que alguns dos pais da igreja acreditavam e conclua por si mesmo se, em matéria de doutrina, eles são confiáveis 100%. As informações a seguir forma extraídas do livro Subtilezas do Erro (1981):

Inácio dizia que se torna assassino quem não jejua no sábado; defende a transubstanciação, considerando herege quem admite apenas o simbolismo da santa ceia e exalta demais a autoridade do bispo, pondo-a acima da de César, chegando ao cúmulo de afirmar que, quem não o consulta, segue a satanás.

Barnabé (se é que existiu tal personagem), diz que a lebre muda a cada ano o lugar da concepção, que a hiena muda de sexo anualmente, e a doninha concebe pela boca. Afirma que Abraão conhecia o alfabeto grego (séculos antes que tal alfabeto existisse) e alegoriza a Bíblia.

Justino ensinava, entre outros absurdos, que os anjos do céu comem maná e que Deus, no princípio do mundo, deu o sol para ser adorado.

Clemente de Alexandria sustenta que os gregos se salvam pela sua sabedoria; afirma que Abraão era sábio em astronomia e aritmética e que Platão era profeta evangélico.

Tertuliano diz regozijar-se com os sofrimentos dos ímpios no inferno. Afirma que os animais oram. Defende o purgatório e a oração pelos mortos.

Eusébio era ariano (negava a Divindade de Cristo)

Irineu quer que as almas, separadas do corpo, tenham mãos e pés. Defende a supremacia de Roma, alegando que a igreja tem mais autoridade que a Palavra de Deus. Defende ardorosamente o purgatório.

Tais homens são as autoridades doutrinárias dos observadores do domingo, caro leitor! Pasmem!Não foi por acaso que Adam Clarck, comentarista evangélico, disse sobre eles: “Em ponto de doutrina a autoridade deles é, a meu ver, nula” – Clarkes’s Commentary, on Proverbs 8.

A expressão Kuriakê heméra (dia do Senhor) se refere ao domingo?

Só para os desinformados. No grego clássico, realmente a expressão foi aplicada por alguns pais da igreja ao domingo. Entretanto, a Bíblia não foi escrita no grego clássico, mas, no grego koinê (comum, do povo). Por isso, precisamos buscar o significado da expressão no tipo de grego utilizado pelos autores do Novo Testamento. Isso é óbvio demais a ponto de nem ser preciso redigir um comentário desses no presente artigo. Mas, por amor à verdade, é bom deixar tudo bem claro.

Eis algumas evidências de que a expressão grega para “dia do Senhor” (no grego bíblico) não se refere ao primeiro dia da semana:

1) A primeira menção ao domingo como “dia do Senhor” encontra-se num escrito falsamente atribuído a Pedro, chamado “Evangelho Segundo Pedro” (cap. 9:35), datado pelo menos uns 70 a 75 anos apóso período que João escreveu o Apocalipse.

Uma pergunta aos dominguistas:

Como João iria se referir ao domingo em Apocalipse 1:10, sendo que a primeira citação como sendo este o dia do Senhor aparece cerca de 70 a 75 anos DEPOIS dele escrever este texto? Impossível!

2) Justino Mártir (ano 150 d.C) quando alude a um costume que se implanta entre os cristãos de sua época a reunirem-se no 1o dia da semana, refere-se a esse dia com a expressão “dia do Sol” e não “dia do Senhor”.

3) O evangelho de João teria sido escrito mais ou menos na mesma década que o Apocalipse e, ao referir-se ao domingo, o apóstolo não o chama de “dia do Senhor”, mas meramente “primeiro dia”. Nenhum título de santidade é dado ao domingo (só na imaginação fértil dos que são contra o quarto mandamento da Lei de Deus)

4) Nem o Pai nem o filho reclamaram o domingo como “SEU” em qualquer sentido. Se seguirmos a lógica dos oponentes (em guardar o domingo por que Jesus ressuscitou no primeiro dia), poderíamos santificar a sexta-feira – o dia da crucificação. Ele não tem menos importância para nós cristãos! Por que não chamar o dia da “ascensão” de “dia do Senhor?” Qual critério bíblico é utilizado para dizer que o momento da ressurreição é mais importante que o dia em que Cristo morreu e subiu aos céus?

6) Toda a vez que o Novo Testamento se refere ao primeiro dia da semana, usa a expressão “primeiro [dia] após o sábado” (Mt 28:1; Mc 16:2; Lc 24:1; Jo 20:1,19; At 20:7; 1Co. 16:2). Ou, “segundo [dia] após o sábado”, etc. Isto dá mais valor ao sétimo dia como ponto central da semana, para os escritores evangélicos.

O dia do Senhor na Bíblia

“Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército.  E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito.  E abençoou Deus o dia sétimo e osantificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera.” Gênesis 2:1-3 (Não venha me dizer que aqui não é o sábado…)

“Lembra-te do dia de sábado, para o santificar.  Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra.  Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro;  porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o SENHOR abençoou o dia de sábado e o santificou.” Êxodo 20:8-11.

“Respondeu-lhes ele: Isto é o que disse o SENHOR: Amanhã é repouso, o santo sábado do SENHOR; o que quiserdes cozer no forno, cozei-o, e o que quiserdes cozer em água, cozei-o em água; e tudo o que sobrar separai, guardando para a manhã seguinte.” Êxodo 16:23 (Não se esqueça que o aquecer fogo no deserto exigia muito esforço e trabalho. Eles não tinham palitos de fósforos ou isqueiros como nós)

“De que, trazendo os povos da terra no dia de sábado qualquer mercadoria e qualquer cereal para venderem, nada comprariam deles no sábado, nem no dia santificado; e de que, no ano sétimo, abririam mão da colheita e de toda e qualquer cobrança.” Neemias 10:31.

“Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do SENHOR, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs” Isaías 58:13.

“Porque o Filho do Homem é senhor do sábado.” Mateus 12:8 (Aqui e no texto seguinte Jesus não diz que é o “senhor do sábado” para desobedecer e sim para dar o exemplo, ensinando as pessoas a guardarem o sétimo dia da maneira correta).

 “De sorte que o Filho do Homem é senhor também do sábado.” Marcos 2:28.

Onde na Bíblia o domingo é chamado de “dia do Senhor”?

Os textos são tão claros para o filho de Deus – regenerado pelo Espírito – que não farei maiores comentários. Cabe a cada um aceitar ou não o que Deus diz e depois prestar contas a Ele pessoalmente (Rm 14:12; 2Co 5:10).

Gostaria que os defensores do domingo me respondessem a pelo menos uma pergunta, das várias que surgiram com esse artigo:

Como João iria se referir ao domingo em Apocalipse 1:10, sendo que a primeira citação como sendo este o dia do Senhor aparece cerca de 70 a 75 anos DEPOIS dele escrever esse texto?

Aguardarei respostas sinceras e embasadas na Bíblia.

“Então, disse o SENHOR a Moisés: Até quando recusareis guardar os meus mandamentos e as minhas leis?”Êxodo 16:28

[Mensagem de Deus aos guardadores do domingo]

Leandro Quadros.

Clique nesta imagem para ir ao site e conhecer o conteúdo do áudio livro

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10 respostas

  1. O Dia do Senhor é o Final dos Tempos dia do cálculo e julgamento sobre o qual os Profetas Hebreus falaram muitas vezes. A frase “o Dia do Senhor / Dia do Senhor” é usada muitas vezes na Bíblia Hebraica (Is. 2:12; 13:6-9; Ezequiel 13:5, 30: 3; Joel 1:15; 2:1-31; 3:14; Amos 5:18-20; Obadias 15; Sofonias 1:7-14; Zacarias 14:1; Malaquias 4:5). Como lemos em Malaquias 4:5-6: “Mas, antes que chegue aquele grande e terrível dia, eu, o Senhor, lhes enviarei o profeta Elias. Ele fará com que pais e filhos façam as pazes para que eu não venha castigar o país e destruí-lo completamente”.

    Desta maneira, a menção de João avisa o leitor que, enquanto ele está escrevendo de um local histórico específico durante um determinado tempo na história, a perspectiva que ele pretende comunicar a seus ouvintes está enraizada na realidade escatológica do Dia do Senhor futuro. Tal como no caso dos profetas Hebreus da Bíblia, João foi capaz de falar para o presente a partir da dupla perspectiva do passado (a aliança) e do futuro (a consumação da aliança e a restauração de todas as coisas).

  2. Perguntas para desconstruir o Adventismo – Parte 1

    As perguntas que se seguem, visam a defesa da verdade bíblica, a proteção da Noiva de Cristo, e a salvação de pessoas que foram, ou estão sendo, enganadas pela seita religiosa Adventista do Sétimo Dia (Jd 22,23). Apesar de ser uma religião legítima, institucional, e digna de respeito na sociedade, ela não tem o direito de ser classificada como uma Igreja Cristã – pois suas doutrinas e práticas se afastam de bases fundamentais da Fé Cristã Bíblia, Ortodoxa (Jd 3,4).

    Minhas perguntas possuem um pano de fundo com duas facetas – Doutrinária e Histórica, à luz das doutrinas bíblicas defendidas pelos cristãos ortodoxos e protestantes no decorrer dos séculos. Será baseado nessas informações que irei disponibilizar as perguntas, por isso ainda não sei quantas serão. Não será possível suprir plenamente nas perguntas as razões que me levam a fazê-la. Mas farei o possível para acoplar às perguntas, informações que geram as perguntas. Caso tenha dúvidas a respeito dos pressupostos, deixe um comentário, ou se preferir, as informações podem ser localizadas tanto no meu Blog, como em outras fontes apologéticas cristãs, em livros, vídeos ou sites.

    Boa leitura, Deus nos fortaleça em Cristo!

    ***********************

    1. O movimento milerita, que marcou o retorno de Jesus para algumas datas, pode ser considerado o sêmen do surgimento da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD). Com base em Mateus 24.36, o que você diria a Guilherme Miller, caso estivesse lá? [Nota: Ellen White escreveu que a passagem de Mateus 24.36 recebia uma explicação razoável, haja vista as datas marcadas para a volta de Cristo. Imagine você estupro hermenêutico que os mileritas faziam na época com esse texto!]

    2. Cristo não voltou em nenhuma das datas – mesmo assim você concorda que Miller foi um profeta verdadeiro, usado por Deus para proclamar aquela mensagem, com anjos em seu auxílio interpretativo, conforme escreveu Ellen White? [Nota: alguns apologistas adventistas, na persistente tentativa de desqualificar os críticos, dizem que ‘não foi Miller que calculou a data para 22 de outubro de 1844, mas Samuel Snow!’ A fraqueza dessa defesa é tão berrante, que ela cabe a Ellen White que nem sequer mencionou o nome de Snow, ou atribuiu a ele qualquer ação. A não ser ter dito apenas “Miller e seus companheiros”. Além disso, a defesa por si mesmo se esbarra em outra defesa adventista, que corretamente diz que “não foram os adventistas do sétimo dia que marcaram essa data, e sim Guilherme Miller!” Ora, nessa defesa eles também se esquecem de Samuel Snow?!?. No entanto, até essa ultima, não consiste uma defesa plausível, já que é Ellen White que dá a chancela de aprovação a Guilherme Miller, como questionei na pergunta acima.]

    3. O Dr. Rodrigo Silva em um programa em conjunto com a Mira da Verdade, disse que não aceitaria o dipensacionalismo, pois o mesmo marcou a volta de Jesus. E não foi esse o caso do movimento millerita?

    4. A IASD afirma que ela mesma, é a igreja visível verdadeira, é a igreja remanescente da profecia bíblica. Segundo um teólogo adventista, ela nasceu no dia 23 de outubro de 1844, com a “visão do milharal”, após a grande decepção. Podemos então dizer que a Igreja Visível Verdadeira nasceu no momento de tristeza e decepção dos falsos cálculos da volta de Jesus?

    5. O que você acha de Guilherme Miller ter rejeitado a Doutrina do Juízo e a identidade profética de Ellen White?

    6. A IASD foi organizada em 1863, tendo a maioria de seus líderes antitrinitarianos. Isto é, muitos deles seriam ‘parcialmente’ o que Ário foi, ou o que as Testemunhas de Jeová são hoje. Então podemos dizer que a IGREJA VISÍVEL VERDADEIRA foi fundada e organizada por hereges antitrinitarianos?! Eles tinham o Testemunho de Jesus…?

    7. A erudição adventista hoje diz que: A) Os pioneiros rejeitaram corretamente a doutrina da Trindade Clássica, pois ela é filosófica, e não bíblica. B) Foi Ellen White que conduziu a IASD a compreender a doutrina de Deus corretamente. Porém, George Kinith, um historiador adventista, afirma que os pioneiros não se afiliariam à IASD por causa de sua doutrina atual sobre a ‘trindade’. Então, os pioneiros rejeitariam também da doutrina da Trindade produzida posteriormente pela erudição adventista?

    8. Você sabia que os mentores da codificação do pensamento trinitariano adventista foram os teólogos Raoul Dederen e Fernando Canale – nas décadas de 70 e 80? Por isso que na década de 50 os autores do livro Questões Sobre Doutrina disseram que criam na Trindade dos Credos e Confissões Protestantes, sendo que hoje em dia isso não é mais dito?

    9. Sendo Ellen White profetisa de Deus, ela ficou em silêncio todo o tempo? Talvez por um período de 40 anos, ou um pouco mais, sem nenhuma correção ou instrução? Aliás, nem posteriormente ela denunciou seus irmãos… ao contrário, sempre os recomendou.

    10. O fato de Ellen White ter sido Metodista até idade de 13 anos, é mesmo garantia que ela foi trinitariana (‘em silêncio’) ao lado de seu marido antitrinitariano? Pense bem nisso…

    11. A maior tendência de Ellen White a um tipo de trinitarianismo foi após a morte de seu marido. Acha que isso explica o silêncio da profetisa por tantos anos nesse assunto, então ela passou a ser influenciada por outros?

    12. Por que a IASD não trata francamente o fato do filho de Ellen White, Guilherme White, ter dito que a sua mãe não cria na no Espírito Santo como uma Pessoa? [Nota: até hoje não encontrei nada sobre a carta de G. White, se houver, me informem, por favor.].

    13. Na ânsia de defender a inspiração de Ellen White, e diante dos inegáveis erros em alguns aspectos de seus escritos, acha mesmo cristão e piedoso, dizer que a Bíblia também tem erros, tal como os escritos de Ellen White?

    14. Negar a inerrância da Bíblia idêntica a IASD com a Teologia Conservadora Protestante, ou com a Teologia Liberal?

    15. Os apologistas da IASD, com justas razões, às vezes, reclamam que a IASD é alvo de caricatura e perversidade, na apresentação de suas doutrinas por parte de críticos e não adventistas. Embora isso seja verdade, em poucos casos, [e em qualquer caso e sobre qualquer assunto, isso ocorre, porém], não é a própria IASD que possui um livro, Questões Sobre Doutrina, que admitidamente afirma-se em suas notas que houve informações dissimuladas por parte dos adventistas concedidas à Walter Martin?

    Continua…

  3. Simplesmente FANTÁSTICA essa explicação, SÓ NÃO ENTENDE QUEM NÃO QUISER ENTENDER!

    E INFELIZMENTE de fato é o que está acontecendo, as pessoas tristemente ESTÃO ERRANDO O ALVO , dizem ter se convertido a Cristo, mas quando se deparam com verdades bíblicas, DECIDEM CONTINUAR SEGUINDO A DOUTRINA DE SUAS IGREJAS, colocando em risco assim a própria salvação ( ler Hebreus 10: 26 )

    CRISTÃO; quem segue a Cristo e consequentemente as verdades bíblicas.
    RELIGIOSO; quem segue uma religião.

    As escrituras mostram que é bom não deixar de congregarmos, mas temos que ser MUITO SENSATOS quanto se trata de ONDE CONGREGAR.
    Pois quando eu entendo claramente que A PALAVRA DE DEUS me ensina ir para DIREITA e a doutrina da igreja que congrego ensina ir para ESQUERDA, esse é o exato momento em que percebo ter me tornado CRISTÃO ou RELIGIOSO.

    PLACA DE IGREJA NÃO SALVA NINGUÉM, mas pode desviar do caminho da salvação.

    Obrigado Leandro Quadros, por toda dedicação e carinho.
    Forte abraço!!!

  4. Sr. Leandro Quadros,

    Analisando seus argumentos ali apresentados, resolvi te escrever e respeitosamente refutar a sua tese e também responder à pergunta deixada no final do artigo, que é: “Como João iria se referir ao domingo em Apocalipse 1:10, sendo que a primeira citação como sendo este o dia do Senhor aparece cerca de 70 a 75 anos DEPOIS dele escrever esse texto?
    É muito fácil utilizar-se da doutrina da santificação do domingo para defender a doutrina da continuidade do sábado. São dois extremos. Você aqui está se utilizando da famosa falácia do espantalho, que é um argumento em que a pessoa ignora a posição da oposição (neste caso, o domingo como foi utilizado na realidade pela igreja primitiva, isto é, um dia escolhido para as reuniões de culto e adoração sem ser considerado um dia santo) e a substitui por uma versão distorcida, que representa de forma errada esta posição (neste caso a santificação do domingo, que é também um erro). A falácia se produz por distorção proposital, com o objetivo de tornar o argumento mais facilmente refutável.” Wikipédia. Ambas as doutrinas estão equivocadas. Nenhum dia foi santificado pela igreja dos apóstolos. O que aconteceu na realidade foi que a igreja simplesmente se reunia no primeiro dia da semana, que posteriormente foi chamado de “O Dia do Senhor”, para culto e adoração. Não havia a consciência entre eles de estarem guardando um substituto do sábado. Por isso, não se encontra na bíblia nenhuma passagem ordenando a guarda do domingo como um dia santo. Paulo disse: “Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz e o que não faz caso do dia para o Senhor o não faz”. Rom. 14:5 e 6. Ele mostra aqui que na nova aliança, que começou após a ressurreição de Cristo, um dia de guarda não é mais importante, e assim não é mais exigido do cristão. A sua argumentação, Sr. Leandro, de que não podemos dar ouvidos aos pais da igreja devido as diferentes visões que eles tinham a respeito das escrituras é um tanto hipócrita, pois se você observar os pioneiros da Igreja Adventista você verá o quanto eles divergiam em doutrinas. Peguemos Tiago White, por exemplo: Por muitos anos, ele não aceitou a doutrina da trindade e muito menos a doutrina do juízo investigativo. Vejamos: “Eles tornarão seus ouvidos para longe da verdade e se voltarão para fábulas… aqui temos que mencionar a trindade, que contraria a personalidade de Deus e seu filho Jesus Cristo.” (artigo publicado em 1855 na Review and Herald, sob título “Preach the Word”). Sobre a doutrina do juízo investigativo, ele diz, “O anjo do advento (Apo. 14:6,7)’dizendo em alta voz, temei a Deus e dai-lhe glória; porque a hora de seu julgamento é chegada’, não prova que o dia do julgamento veio em 1840 ou em 1844, nem que ele virá antes da segunda vinda.” Advent Review de Setembro de 1850. “Não é necessário que a sentença final devesse ser dada antes da primeira ressurreição como alguns ensinam; pois os nomes dos santos estão escritos no céu, e Jesus, e os anjos certamente saberão quem irão ressuscitar e levar para a Nova Jerusalém.” Tiago White, A Word to the Little Flock, 1847, p. 24. O mesmo poderia ser dito de J. N. Andrews, Froom, Cotrell, Waggoner, etc. Eles tinham um entendimento bem diferente do que tem a Igreja Adventista hoje. Isto é explicado por vocês como sendo um entendimento crescente das doutrinas adventistas, mas você não aplicou esse mesmo argumento para os pais da igreja. A hipocrisia fica ainda mais aparente quando você menciona a epístola de Barnabé, onde dados sobre alguns animais como a lebre, a hiena e a doninha são equivocados, e se esquece dos inúmeros “furos” científicos que Ellen White deu. Ela afirmou, por exemplo, que “Toda espécie de animal que Deus criou foi preservada na arca. As espécies confusas que Deus não criara, resultantes da amálgama, foram destruídas pelo dilúvio. Desde o dilúvio, tem havido amálgama de homem e besta como pode ser visto nas quase infindáveis variedades de espécies animais e em certas raças de homens.” Spiritual Gifts, Vol. 3, pg. 75, 1864. Um absurdo! Ela afirma também que: “Nesse tempo [por ocasião do Dilúvio] imensas florestas foram sepultadas. Estas foram depois transformadas em carvão, formando as extensas camadas carboníferas que hoje existem, e também fornecendo grande quantidade de óleo. O carvão e o óleo frequentemente se acendem e queimam debaixo da superfície da Terra. Assim as rochas são aquecidas, queimada a pedra de cal, e derretido o minério de ferro. A ação da água sobre o cal aumenta a fúria do intenso calor, e determina os terremotos, vulcões e violentas erupções.” (Patriarcas e Profetas, págs. 108 e 109) É de fazer qualquer cientista rir, não é mesmo? Só mais uma “pérola”, “As crianças que praticam a autoindulgência [masturbação] . . . devem pagar a penalidade. Prosseguindo a prática desde os 15 anos ou mais, a natureza protestará… e fá-los-á pagar elevado preço. . . por numerosas dores no organismo, e várias doenças, tais como indisposição de fígado e pulmões, nevralgias, reumatismo, problemas da espinha, doenças renais e tumores cancerosos. . .”An Appeal to Mothers 1864. Você poderia me mostrar alguma pesquisa científica que comprove isso? Assim, por mais que os pais da igreja tenham tido ideias equivocadas a respeito de certas doutrinas bíblicas ou conhecimento científico, uma coisa você não pode negar: que eles descreveram em suas cartas as práticas cristãs da época, e nestas práticas é visto a igreja primitiva se reunindo aos domingos para o seu culto de adoração. Isso são relatos históricos, não doutrinários. Faço a seguinte pergunta: Se não podemos confiar nos relatos dos pais da igreja e assim não aceitar que os primeiros cristãos se reuniam aos domingos, onde estão os documentos históricos que comprovam a “verdade” adventista, isto é, que os primeiros cristãos se reuniam aos sábados e não aos domingos? O interessante é que as epístolas dos pais da igreja, pra você, não servem para provar a guarda do domingo, por não serem canônicos, pois como você diz: “Mesmo tendo sido homens piedosos em suas épocas, não podemos fazer de tais homens nossa autoridade final em assuntos doutrinários. Isso por que ‘Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens.’” Atos 5:29; mas quando lhe convêm, você se utiliza da epístola apócrifa de Pedro e de uma declaração de Adam Clarke, que era metodista, e assim um dominguista, para embasar sua tese. No mínimo, incoerente.
    Quanto à questão Apocalipse 1:10, você se utiliza do raciocínio circular, comumente visto em suas argumentações sobre outros assuntos. É verdade que no Evangelho Segundo Pedro, é claramente citada a expressão “Dia do Senhor” como sendo o domingo, e assim, para os historiadores, este evangelho é considerado como sendo o primeiro documento onde aparece CLARAMENTE o termo aplicado ao domingo. Entretanto, isto não significa que foi naquela época que o termo “Dia do Senhor” tenha sido cunhado para referir-se ao domingo. O Evangelho de Pedro não diz isso, somente apresenta o termo, mostrando que ele já estava em uso entre os cristãos. O seu raciocínio torna-se circular quando você pergunta: “Como João iria se referir ao domingo em Apocalipse 1:10, sendo que a primeira citação como sendo este o dia do Senhor aparece cerca de 70 a 75 anos DEPOIS dele escrever esse texto? Você parte da premissa de que se a primeira citação clara de que o termo se refere ao domingo aparece no Evangelho de Pedro, isto mostra que foi ali, naquela época, que o termo “Dia do Senhor” foi criado. Poderia ser que o termo já existisse por décadas antes de o escritor do Evangelho de Pedro o mencionasse, não poderia? Assim, você se utiliza de uma falsa premissa para construir seu argumento a respeito de Apocalipse 1:10. Você então afirma que “O evangelho de João teria sido escrito mais ou menos na mesma década que o Apocalipse e, ao referir-se ao domingo, o apóstolo não o chama de ‘dia do Senhor’, mas meramente ‘primeiro dia’”. É muito fácil de refutar isso. Você sabe muito bem que João escreveu Apocalipse já em sua velhice e o evangelho e epístolas muitos anos antes. É muito provável que quando ele escreveu o evangelho e epístolas, o termo “Dia do Senhor” ainda não havia sido criado. Ele usa a expressão em Apocalipse, mostrando que pelo fim do século 1 o termo já era comum entre os cristãos. Agora, quero “emprestar” o seu raciocínio acima, só que em relação ao sábado. Raciocinemos da mesma forma que você o fez em relação ao domingo: Se o termo “Dia do Senhor” em Apocalipse 1:10 se refere ao sábado, como é que não vemos o mesmo João, em seu evangelho e epístolas, referir-se ao sábado como “O Dia do Senhor”? Se utilizarmos a sua lógica, você então deve concordar que se João estivesse se referindo ao sábado em Apocalipse 1:10, ele usaria a palavra “sábado” como era o seu costume fazê-lo em seu evangelho e epístolas.
    É interessante notar que as passagens sobre o sábado que você cita na conclusão do seu artigo são todas pertencentes à velha aliança, pois a nova aliança só começou a valer após a morte e ressurreição de Jesus, como nós vemos em Hebreus 9: 17 e 18, que diz “…porquanto, um testamento só tem validade legal após a confirmação da morte do testador, considerando que não poderá entrar em pleno vigor enquanto estiver vivo quem o fez. Por essa razão, nem a primeira aliança foi sancionada sem sangue,…” Por que você não mencionou Colossenses 2:16? Simples, essa passagem é o “tendão de Aquiles” do adventismo. Nesta passagem, (uma das poucas passagens que se referem ao sábado na nova aliança) o sábado é apresentado por Paulo como sendo uma “…sombra das coisas que havia de vir, mas o corpo é de Cristo”. Claramente Paulo diz que o sábado apontava para Cristo. E não adianta dizer que aqui o sábado se refere ao sábado cerimonial, pois você mesmo sabe sobre a sequência FESTA FIXA, LUA NOVA, SÁBADO, e que o sábado cerimonial já está incluso nas festas fixas. O fato é que todas as vezes que Paulo se refere direta ou indiretamente ao sábado ele o faz para se opor a ele e não para aboná-lo (Col. 2:16 e 17, Rom.14:5 e 6, Gal. 4:10).
    Espero que você leia esta minha resposta e que você seja sincero o suficiente para entender que é impossível defender o sábado como válido para os cristãos sem se utilizar de passagens fora do contexto, utilizar-se do apelo às autoridades e da falácia do espantalho.
    Que a graça de Jesus te alcance e faça com que o amor à verdade bíblica seja maior que o amor à uma denominação religiosa.
    Grande abraço!
    Valter Contessoto

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Sobre o Autor
Prof. Leandro Quadros

Com mais de 20 anos de ensino sobre a Bíblia em igrejas, congressos e programas de TV e rádio, desenvolvi diversos conteúdos – e-books, audiolivros e cursos; para compartilhar os meus aprendizados e tornar acessíveis temas teológicos complexos.

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