Alguns cristãos sinceros perdem tempo buscando “pelo em ovo” ou “chifre em cabeça de cavalo”, preocupando-se com aquilo que não é importante para a vida.
Uma irmã enviou ao site http://cifradventista.com uma observação curiosa sobre a letra da música “Descobrindo Amigos”, do CD Jovem de 2007. Segundo ela, o trecho a seguir está em desacordo com a Palavra de Deus porque faz uso das palavras “roube” e “magia”:
Mandando embora o medo ou qualquer sentimento que roube a magia desse grande momento
Essa internauta precisa compreender que as palavras podem ter, além do significado primário, um sentido figurado. Tanto a leitura da Bíblia quanto a pesquisa num bom dicionário nos ensinam isso.
Se “roubar” e “magia” estivessem sendo usados na música em seu sentido primário com o objetivo de apoiar tais práticas, realmente a música estaria em total desacordo contra a Palavra de Deus (Êx 20:15; Lv 19:31; 20:27; Dt 18:9-14; 2Rs 21:6, etc).
Porém, os termos estão sendo empregados na música figurativamente (e de modo poético), sem apoiar o roubo e a magia. Esse uso é perfeitamente viável no aspecto comunicacional – tanto do ponto de vista da língua portuguesa quanto do ponto de vista bíblico.
Em nossa comunicação usamos expressões como: isso está “roubando meu tempo” ou “esse momento é mágico”, para dizer que não devemos perder tempo com coisas desnecessárias, e para falarmos que um momento é muito especial.
A Bíblia não busca pelo em ovo
Não é imoral ou indevido usar palavras com tais sentidos figurados para falar de coisas boas ou dar ênfase a elas, pois a própria Bíblia o faz.
Em Cântico dos Cânticos 6:5, a palavra “feitiço” foi usada num sentido figurado, e não vemos Deus repreendendo Salomão por isso:
“Desvia de mim teus olhos, que me enfeitiçam” (Tradução Ecumênica da Bíblia).
Outro texto muito curioso é o de Ezequiel 23:20, onde Deus usou expressões como “prostituição”, “membros como de jumentos” e “ejaculação como de cavalos” para enfatizar a traição e devassidão do povo de Israel em trocá-Lo (Deus, o esposo fiel) por ídolos, representados figurativamente no texto por amantes devassos com pênis enormes.
Veja o texto na Almeida, Revista (ARC) e Corrigida e na Nova Versão Transformadora (NVT):
“E enamorou-se dos seus amantes, cujos membros são como membros de jumentos e cujo fluxo é como o fluxo de cavalos” (Ez 23:20, ARC).
“Desejou amantes com genitais grandes como de jumentos e ejaculação como de cavalos” (Ez 23:20 – NVT)
Veja também outro texto de Ezequiel, só que agora na Tradução Ecumênica da Bíblica (TEB):
“Tu te prostituíste com os filhos do Egito, teus vizinhos de membro graúdo; assim multiplicaste tuas devassidões, a ponto de me ofender” (Ez 16:26).
Tais palavras em Ezequiel têm um significado primário mais “mundano”, diríamos assim. Nada sacro ou religioso. Porém, foram usadas pelo profeta figurativamente para Deus comunicar melhor o que Ele realmente queria transmitir ao povo rebelde.
Será que a pessoa que fez tal observação ao site cifraadventista.com seria tão corajosa a ponto de dizer que Deus não deveria ter inspirado o profeta a usar tais expressões em sua comunicação?
Concluo afirmando que muitos cristãos sinceros precisam amadurecer e parar de procurar “pelo em ovo” ou “chifre em cabeça de cavalo”. Isso será saudável para as relações interpessoais, emoções e espiritualidade, e possibilitará que mantenham o foco naquilo que realmente é importante. Foco nas coisas que podem vir a ser um diferencial tremendo na vida do emissor ou de receptor da comunicação: a poderosa mensagem bíblica por trás de cada palavra ou figura de linguagem.
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2 respostas
Eu tenho preguiça de gente assim.
Já vi diversas passagens em que são empregadas esse tipo de linguagem. É claro que o objetivo é tornar a linguagem mais próxima do público-alvo, e consequentemente, que a mensagem possa ser compreendida. Estou precisando aprender a lidar com esses irmãos que encontram “pelo em ovo ou coisa parecida”. E muitos são teiomosos e não aceitam correção.