Leandro Quadros

White Era a Favor da Pena de Morte

Tiago e Ellen White com seus dois filhos, Edson com 16 anos e Willie com 10 anos. A foto foi tirada em Batlle Creek, em 1864.

Antes de mais nada, você sabia que a Sra. White não era contra a pena capital? No presente post:

  • Você saberá (caso não saiba) a posição de Ellen G. White, cofundadora do adventismo (e profetisa, segundo os adventistas) sobre a pena capital. Em síntese, dividirei a opinião dela em duas fases, pois é assim que encontramos o assunto nas Escrituras: (a) A Pena de Morte na Atualidade; (b) A Pena de Morte No Juízo Final.
  • Verá que no meio cristão, inclusive entre vários adventistas do sétimo dia não há uma compreensão bíblica sobre o assunto. Aliado a isso está o fato de muitos não lerem nem mesmo uma obra de Ellen G. White por ano. Isso evidentemente os torna inaptos para compreenderem a teologia da própria igreja.
  • Por último, farei um breve comentário sobre o documento votado pela Divisão Sul-americana. Creio que no referido documento a pena capital não foi abordada devidamente. O intuito desse pequeno comentário não será desrespeitar a igreja de Cristo, “coluna e baluarte da verdade” (1Tm 3:15). O que pretendo fazer é demonstrar que, antes de elaborar um documento como aquele, é necessário mais estudo. Tanto do texto bíblico quanto de comentaristas da própria denominação. Também desejo destacar que quando o assunto envolve um mandamento, “posto que dos menores” (cf. Mt 5:19), não pode ser abordado de forma a “agradar gregos e troianos”. A verdade é o que santifica (Jo 17:17), e não há unidade verdadeira entre os membros se tal unidade não tiver como base a verdade das Escrituras, não importa qual seja (cf. Jo 17:17, 22-23).

Ellen G. White: A Pena de Morte na Atualidade

Primeiramente, White reconheceu a validade da pena de morte. Por que? Porque ela pensava biblicamente em sua maneira de valorizar a vida humana.

Acima de tudo, ela não permitia que suas opiniões pessoais ou qualquer ideologia política interferisse na interpretação do texto bíblico. Pelo contrário, em seus escritos, ela sempre exaltou o princípio protestante de Sola Scriptura.[1]

O trecho onde se encontra a reflexão dela sobre o assunto está no Manuscrito 126, do ano 1901, parágrafo 44. Grifarei algumas palavras para melhor análise da citação:

“Com que cuidado Deus protege os direitos dos homens! Ele atribuiu uma pena ao homicídio intencional. “Quem derramar sangue de homem, pelo homem terá seu sangue derramado” (Gênesis 9: 6). Se fosse permitido a um assassino ficar sem punição, ele, por sua influência maligna e violência cruel, subverteria outros. Isso resultaria em um estado de coisas semelhante ao que existia antes do dilúvio. Deus deve punir assassinos. Ele dá vida e a tirará, se essa vida se tornar um terror e uma ameaça. Misericórdia demonstrada a um assassino é crueldade para com seus semelhantes. Se um assassino intencional pensa que encontrará proteção fugindo para o altar de Deus, ele poderá descobrir que será forçado a sair daquele altar e ser morto. Mas se um homem tira a vida sem querer, então Deus declara que Ele providenciará um lugar de refúgio, para o qual ele pode fugir.”[2]

 

Inegavelmente, a leitura e análise atenta da citação não deixa dúvida alguma. Ellen G. White, do mesmo modo que vários teólogos e professores de ética cristã da atualidade, compreendeu que a pena de morte instituída por Deus em Gênesis 9:6 é válida e necessária. Em virtude do foco que decidi dar ao presente tema, não é meu propósito neste post responder ao argumento de que “no Brasil a pena capital seria inviável por causa da corrupção”. Por conseguinte, no material mais abrangente que disponibilizarei estarei tratando desse débil argumento.

Por sua vez, White usa termos no presente, indicando claramente que a pena capital não foi dada apenas para uma sociedade Teocrática. Muito pelo contrário: a ordem de Gênesis 9:6 existe muito antes de o primeiro israelita pisar no mundo. Deus deu essa lei quando existiam somente oito pessoas sobre a face da Terra – Noé, sua esposa, três filhos e três noras.

Analisemos mais detidamente a citação. No trecho supracitado Ellen G. White afirma:

  • Que Deus “protege” os direitos dos homens através da pena capital. Ela não disse “protegeu”, o que poderia dar a entender que esse tipo de penalidade poderia ter sido aplicado apenas no passado. Além disso, considerando que Gênesis 9:6 é de aplicação universal (pois demonstra o valor que Deus dá à vida humana), White aplicou o texto a qualquer fase da história humana.
  • Que a pena capital é para homicídios dolosos: “Ele anexou uma penalidade para o assassinato (doloso)”.
  • Que a impunidade do assassino “subverteria outros” por sua má influência.
  • Que a impunidade “resultaria em uma condição de coisas semelhante ao que existia antes do dilúvio”, ou seja: Deus instituiu a pena de morte justamente para que o mundo não afundasse na maldade, como ocorreu no período pré-diluviano.
  • Que Deus “tem” de punir o assassino – obviamente nos dias dela, e também na atualidade (o verbo “ter” está no presente).
  • Que “se essa vida [do criminoso] se torna um terror e uma ameaça” para as pessoas inocentes, a vida do criminoso deve ser tirada pelo Estado (não pelos civis), como lemos em Romanos 13:1-5 e em Gênesis 9:6.
  • Que a “misericórdia demonstrada a um assassino intencional é crueldade para com seus semelhantes”, ou seja: mais uma vez ela aplica o texto para o presente. Afinal, algo cruel para com os semelhantes sempre será cruel, não importa a época e lugar.
  • Que mesmo o assassino correndo para o altar, a fim de se agarrar às pontas deste para contar com a proteção e graça de Deus, terá de ser retirado dali e ser punido com a pena capital. White faz alusão ao costume israelita de correr para o santuário e tocar no altar para contar com o favor do rei e continuar vivendo (1Rs 1:50-51).

Se a pessoa fosse realmente culpada, tal ato de se colocar simbolicamente diante do próprio Deus, não a livrava da morte! (cf. 1Rs 2:28). Em Êxodo 21:12-14. lemos:

“Quem agredir e matar outra pessoa será executado, mas se for apenas um acidente permitido por Deus, definirei um lugar de refúgio para onde o responsável pela morte possa fugir. Se, contudo, alguém matar outra pessoa intencionalmente, o assassino será preso e executado, mesmo que tenha buscado refúgio em meu altar”.

 

Comentando Êxodo 21:12-14 na obra Citações Jurídicas na Bíblia, os autores explicam:

“Mas, o matador voluntário e traiçoeiro, ainda que arrependido do seu crime, será arrancado até do pé do altar, para ser morto. No caso de crime de morte não intencional, o assassino poderia fugir para um lugar de refúgio, para escapar à vingança do sangue por parte dos parentes da vítima”.[3]

 

Especialmente na penúltima parte destacada da citação de Ellen G. White, vê-se que o esforço da Comissão de Direitos Humanos em preservar a vida do assassino é vista por Deus como “crueldade para com seus semelhantes”.

Definitivamente, um cristão coerente e responsável com a Revelação que recebeu, jamais aceitará qualquer política de direitos humanos que não valorize a vida humana da forma como Deus valoriza em Gênesis 9:6. E em outros textos inspirados.

Além disso, o referido trecho de Ellen G. White mostra que, mesmo sem ter a real intenção de fazer isso, uma pessoa que defende a vida de um criminoso está sendo cruel “para como seus semelhantes”, especialmente para com as vítimas de homicídio.

Portanto, a forma como White aborda o assunto é muito clara. Não dá margens para dúvidas ou qualquer outra interpretação (forçada) que vise negar a aplicabilidade da pena de morte.

Deve-se também destacar que a interpretação de White é coerente com o que têm ensinado professores de ética cristã conservadores, bem como teólogos sistemáticos. Para citar alguns exemplos, começo por Millard J. Erickson, que em sua Teologia Sistemática é categórico:

“Por causa da natureza hedionda daquilo que se fez (a imagem de Deus foi destruída), é preciso que haja uma penalidade proporcional”.[4]

 

A punição com a pena de morte é a justiça retributiva de Deus, para o crime hediondo de alguém em destruir a imagem de Deus através do homicídio. Gonzalez e Octaviano também destacam que a sacralidade e a nobreza da vida humana, por ser à imagem e semelhança de Deus, é a base para a pena de morte:

“Deus, em palavras a Noé, exalta a justiça pela justiça, conclamando o povo [a Noé e aos que viriam a existir após ele] a aplicar, ao homicida, a pena capital. Homicídio (que num sentido é sempre fratricídio) exige um castigo equivalente ao crime. A justificativa para a pena capital, aqui estabelecida, é a nobreza da vida humana, criada à semelhança de Deus”.[5]

 

De maneira idêntica Russel Champlin aponta que a pena de morte tem como base a dignidade humana diante do Criador:

“A dignidade do homem, que foi criado à imagem de Deus, não permite que alguém cometa impunemente o pecado capital, o homicídio. A declaração parece ser uma antiga expressão judicial que sugere que esse crime vinha sendo repudiado desde os tempos mais remotos”[6]

As Cidades de Refúgio

Ademais, outros trechos muito importantes de Ellen G. White sobre a pena de morte encontramos no livro Patriarcas e Profetas, no contexto em que ela comenta sobre as cidades de refúgio (Nm 35). Ela diz com todas as letras que foi Cristo quem deu aquelas determinações para Israel (veja na citação abaixo).

Em contrapartida, se você viu algum post no Twitter de alguém dizendo que o assunto deve ser interpretado “com base em Cristo”, com a justificativa de que Ele era contra a pena capital, saiba que tal pessoa conhece bem pouco da literatura da própria igreja.

Resumirei alguns trechos:

“Seis das cidades designadas aos levitas, sendo três de cada lado do Jordão, foram indicadas como cidades de refúgio, às quais os que matavam um homem poderiam fugir em busca de segurança […] Esta misericordiosa disposição tornou-se necessária por causa do antigo costume da vingança particular, pelo qual incumbia ao parente mais próximo, ou ao herdeiro imediato do morto, o castigo do assassínio. Nos casos em que claramente se provava a culpa, não era necessário esperar processo dos magistrados. O vingador podia perseguir o criminoso a qualquer parte, e matá-lo onde quer que fosse encontrado. O Senhor não achou conveniente abolir este costume naquela ocasião; mas tomou providências para garantir a segurança dos que, acidentalmente, tirassem a vida […] Mas, ao mesmo tempo em que o inocente não devia ser precipitadamente morto, tampouco deveria o culpado escapar do castigo. O caso do fugitivo cumpria ser devidamente julgado pelas autoridades competentes; e, unicamente quando se verificasse não ter o fugitivo culpa de assassínio voluntário, devia ele ser protegido na cidade de refúgio. O que era culpado era entregue ao vingador […]

“No processo de assassínio o acusado não devia ser condenado pelo depoimento de uma testemunha, mesmo que as evidências circunstanciais fossem fortes contra ele […] Foi Cristo que deu a Moisés aquelas determinações para Israel; e, quando Ele esteve em pessoa com Seus discípulos na Terra, ao ensinar-lhes como tratar os que erram, repetiu o grande Ensinador a lição de que o testemunho de um só homem não deve livrar ou condenar […] Se aquele que era julgado por motivo de assassínio se verificava culpado, nenhuma expiação ou resgate o poderia livrar. “Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado”. Gênesis 9:6. “Não tomareis expiação pela vida do homicida, que culpado está de morte; antes certamente morrerá”, “tirá-lo-ás do Meu altar para que morra” (Números 35:31, 33), foi a ordem de Deus; “nenhuma expiação se fará pela terra por causa do sangue que se derramar nela, senão com o sangue daquele que o derramou”. Êxodo 21:14. A segurança e pureza da nação exigiam que o pecado de homicídio fosse severamente punido. A vida humana, que apenas Deus podia dar, devia, de maneira sagrada, ser guardada […]”[7]

Inegavelmente, a ética bíblica e o pensamento hebraico veem a questão da mesma forma que Ellen G. White. Assim sendo, cabe ao cristão decidir se será coerente com sua fé moldando suas ideias ao texto bíblico.

Breve Análise Contextual de Gênesis 9:6

A análise contextual não deixa dúvidas de que Ellen G. White interpretou devidamente Gênesis 9:6. E o aplicou aos nossos dias. Antes dessa avaliação contextual, leiamos o texto bíblico na Nova Versão Transformadora:

“Exigirei o sangue de todo aquele que tirar a vida de alguém. Se um animal selvagem matar alguém, deverá ser morto; quem cometer assassinato, também deverá morrer. Quem tirar a vida humana, por mãos humanas perderá a vida. Pois eu criei o ser humano à minha imagem” (Gn 9:5-6. Grifo acrescido).

 

Noé havia saído da arca com sua família para repovoar a mundo que havia sido destruído pelo dilúvio. Primordialmente, na reconstrução do planeta e da moral que havia sido jogada no lixo pelos antediluvianos, Deus estabeleceu uma lei para que a vida, até então desprezada e desvalorizada pelos antediluvianos, fosse valorizada e preservada. Essa lei foi a pena capital.

Os antediluvianos eram extremamente perversos, porquanto não valorizavam a vida e afrontavam diariamente ao Criador destruindo pessoas feitas à imagem dEle (cf. Gn 1:26-28).

Segundo o texto bíblico, “a maldade do homem havia se multiplicado na terra”, e seus planos eram “continuamente” maus (Gn 6:5). O nível da maldade era tão grande que Deus “se arrependeu de ter feito o homem na terra”, o que Lhe causou profunda dor (Gn 6:6).

Por isso, foi necessário destruir a Terra porque ela “estava corrompida à vista de Deus e cheia de violência” (Gn 6:11). Poderíamos afirmar que os antediluvianos matavam pessoas inocentes com a facilidade com a qual se mata (não intencionalmente) formigas.

Em seu livro Patriarcas e Profetas, Ellen G. White pinta um quadro real da humanidade naqueles dias. Quase todos rejeitavam constantemente às influências do Espírito Santo (Gn 6:3):

“… o crime e a miséria aumentaram rapidamente. Nem a relação do casamento nem os direitos de propriedade eram respeitados. Quem quer que cobiçasse as mulheres ou as posses de seu próximo, tomava-as pela força, e os homens exultavam com suas ações de violência. Deleitavam-se na destruição da vida de animais… até que vieram a considerar a vida humana com espantosa indiferença”.[8]

 

Esse “background” de Gênesis nos ajuda a descobrirmos as razões para o estabelecimento da pena de morte por parte do Criador.

Em síntese, foi justamente para ensinar o valor da vida humana criada “à imagem e semelhança de Deus” (releia Gênesis 9:6, comparando com Gênesis 1:26-28), e para refrear a perversidade antediluviana em “considerar a vida humana com espantosa indiferença”. Foi para e evitar que o mundo pós-diluviano seguisse pelo mesmo caminho de crime, que Deus estabeleceu a perna de morte. Gostemos ou não.

Por conseguinte, a vida humana é tão sagrada que Gênesis 9:6 diz que até mesmo a vida de um animal deveria ser tirada se este matasse um ser humano! Para você ter uma ideia, até mesmo o dono de um boi, se soubesse que este era bravo e não tomou as devidas providências para evitar que alguém fosse morto, o proprietário morria junto:

“Se um boi matar a chifradas um homem ou uma mulher, o boi será apedrejado, e não será permitido comer sua carne. Nesse caso, porém, o dono do boi não será responsabilizado. Mas, se o boi costumava chifrar pessoas e o dono havia sido informado, porém não manteve o animal sob controle, se o boi matar alguém, será apedrejado, e o dono também será executado” (Êx 21:28-29).

 

Isso sim é valorizar a vida humana. Pergunto-me se alguém será tão corajoso(a) em querer ensinar a Deus, o Autor da Vida (At 3:15), como se deve valorizar uma vida. Verei pelas reações a esse post até que ponto a arrogância humana pode chegar.

O que diz o Comentário Bíblico ASD sobre Gênesis 9:6

Em concordância com Ellen G. White e com outros autores cristãos conservadores[9], o Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia assim se posiciona sobre Gênesis 9:6:

“Deus vingaria ou puniria todo assassinato; não, porém, diretamente, como o fez no caso de Caim, mas indiretamente, colocando na mão do ser humano o poder judicial… A injunção divina confere poder judicial ao governo temporal e coloca a espada em sua mão. Deus tomou o cuidado de erigir uma barreira contra a supremacia do mal e, assim, lançou o fundamento para um desenvolvimento civil ordenado da humanidade”.[10]

 

Como demonstrado acima, nesse ponto Champlin concorda tanto com Ellen G. White quanto com o Comentário Bíblico Adventista ao deduzir que “a declaração [de Gênesis 9:6] parece ser uma antiga expressão judicial que sugere que esse crime vinha sendo repudiado desde os tempos mais remotos”[11]

Por sua vez, do mesmo modo que Ellen White e o Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, o mais novo comentário lançado pela Igreja Adventista, o Andrews Bible Commentary, apresenta a base moral para a pena de morte: a vida da vítima é sagrada por ter sido criada à imagem de Deus:

“Depois do Dilúvio, houve, por assim dizer, uma nova criação e um novo começo. Seguindo a ordem de encher a terra, a passagem contém instruções detalhadas sobre dieta e pureza do culto envolvendo o uso de sangue (antecipando Lv 17: 19-14). Ainda mais importante, começando no v. 5, Deus dá instruções específicas quanto à santidade da vida humana. Quem derramasse sangue humano teria que responder ao Criador porque a vida pertence a Ele (v. 6). O texto prenuncia a lex talionis (“olho por olho” [Êx 21:24; Lv 24:20; Dt 19:21]), que presumia que a punição por um crime correspondesse à natureza do crime. Derramar sangue é outra forma de se referir ao assassinato (Gn 37:22;! Rs 2:31; Ez 22: 4). Tirar a vida exigia a morte porque era uma violação da imagem de Deus (1:27). A legislação posterior sublinhou a importância da punição social (sobre a vingança individual), temperada com regulamentos como as cidades de refúgio que abrigavam o homicídio culposo (Nm 35: 9-15).”[12]

 

Definitivamente, ambos os comentários da IASD estão de acordo com a interpretação de Ellen G. White (e de outros autores supracitados) sobre a pena de morte em Gênesis 9:6.

Só não vê quem não quer ver.

Ellen White: A Pena de Morte no Juízo Final

Quando Ellen G. White explica a forma como os ímpios serão castigados, vemos que a pena de morte no juízo final será muito mais dura e definitiva do que a estabelecida nos dias atuais em alguns países.

Desse modo, a pena capital não deveria impressionar aos cristãos familiarizados com a doutrina do juízo final, quando Deus punirá com um castigo severo aqueles que rejeitarem o plano de salvação, e se tornaram cada vez piores para o mundo.

De acordo com o texto bíblico, antes de os ímpios queimarem como palha, a pena capital deles envolverá um castigo no lago de fogo que será mais rigoroso para uns do que para outros. Ou seja: haverá graus diferentes de castigo para os ímpios impenitentes, antes deles serem totalmente aniquilados (Sl 37:20; Ml 4:1-3; Rm 16:20, etc):

“Então Jesus começou a denunciar as cidades onde ele havia feito muitos milagres, pois não tinham se arrependido. ‘Que aflição as espera, Corazim e Betsaida! Porque, se nas cidades de Tiro e Sidom tivessem sido realizados os milagres que realizei em vocês, há muito tempo seus habitantes teriam se arrependido e demonstrado isso vestindo panos de saco e jogando cinzas sobre a cabeça. Eu lhes digo que, no dia do juízo, Tiro e Sidom serão tratadas com menos rigor que vocês. E você, Cafarnaum, será elevada até o céu? Não, descerá até o lugar dos mortos. Porque, se na cidade de Sodoma tivessem sido realizados os milagres que realizei em você, ela estaria de pé ainda hoje. Eu lhe digo que, no dia do juízo, Sodoma será tratada com menos rigor que você’” (Mt 11:20-24 – NVT. Grifos acrescidos).

“O servo que conhece a vontade do seu senhor e não se prepara nem segue as instruções dele será duramente castigado. Mas aquele que não a conhece e faz algo errado será castigado com menos severidade. A quem muito foi dado, muito será pedido; e a quem muito foi confiado, ainda mais será exigido” (Lc 12:47-48. Ibidem).

 

Em total harmonia com esse conceito bíblico de punição proporcional ao crime e à maldade, Ellen G. White escreveu:

“Uma distinção, porém, se faz entre as duas classes que ressuscitam. ‘Todos os que estão nos sepulcros ouvirão a Sua voz. E os que fizeram o bem, sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação’. João 5:28-29. Os que foram ‘tidos por dignos’ da ressurreição da vida, são ‘bem-aventurados e santos’. ‘Sobre esses não tem poder a segunda morte”. Apocalipse 20:6. Os que, porém, não alcançaram o perdão, mediante o arrependimento e fé, devem receber a pena da transgressão: ‘o salário do pecado’. Sofrem castigo, que varia em duração e intensidade, ‘segundo suas obras’, mas que finalmente termina com a segunda morte”.[13]

 

Essa futura pena de morte em massa envolverá um castigo no lago de fogo “que varia em duração e intensidade”, segundo Ellen G. White. Em concordância com os textos bíblicos supracitados, White afirma que “alguns são destruídos em um momento, enquanto outros sofrem muitos dias”. Por sua vez, Satanás terá um castigo “muito maior que o daqueles a quem enganou”[14], antes de ser, por fim, aniquilado (Ml 4:1-3; Rm 16:20).[15]

Portanto, é desnecessário escandalizar-se com a pena de morte autorizada por Deus, a ser executada pelo Estado (Atos 25:11; Romanos 13:1-5), dentro dos moldes de justiça. Claro que falhas existem e sempre existirão enquanto o pecado existir. Porém, isso não livra a barra para o criminoso hediondo. Afinal, Deus mesmo executará uma pena capital massiva com mais rigor para uns que para outros.

Logo, todo cristão precisa aprender a moldar seus pontos de vista pela Bíblia. E se for um adventista do sétimo dia, precisa ser humilde em adequar suas ideias a toda revelação profética, incluindo a não canônica.

Enquanto permitir que ideologias políticas ou partidárias influenciem na interpretação do texto bíblico, a pessoa não estará apta para avaliar de forma mais abrangente o valor da vida. Nem a realidade humana. Muito menos compreenderá os padrões de amor e justiça divinos.

Isso fará com que a pessoa tenha uma compreensão fragmentada do caráter de Deus, o que a levará a uma comunhão com Ele também fragmentada.

O Documento Votado Pela Divisão Sul-Americana

Durante o Concílio Anual da Igreja Adventista do Sétimo Dia realizado em novembro de 2017, foi votado um documento[16] sobre a pena de morte. Quando comparado com a Bíblia e com as citações supracitadas de Ellen G. White, tal documento demonstra-se bastante limitado.

Desde já é importante você não interpretar mal minha postura ao escrever este post. Creio que Jesus Cristo usa a igreja adventista do sétimo dia para levar o evangelho eterno, contextualizado nas 3 Mensagens Angélicas de Apocalipse 14:6-12. E não tenho dúvida alguma de que essa igreja, agora militante, será triunfante.

Ao mesmo tempo, as declarações mais equilibradas sobre temas polêmicos encontro justamente na obra Declarações da Igreja[17]. É um material de excelente nível, tanto por sua abordagem bíblica quanto pela forma como as palavras são usadas. Em suma, a obra sabe muito bem tratar de assuntos difíceis e polêmicos.

Dado esse esclarecimento, sei que agora está preparado(a) para saber que minha discordância com o documento sobre a pena de morte em nada tem a ver com a relação de amor e respeito que tenho com a igreja. Respeito meus líderes e sou respeitado por eles.

Publiquei esse post para auxiliar também meus líderes a repensarem o voto que tomaram. Afinal, mesmo tendo a melhor as intenções, ele não condiz com aquilo que a revelação canônica e não canônica dizem sobre Gênesis 9:6.

Estou ciente de que nossos líderes não fizeram aquele voto com más intenções. Muito pelo contrário: eles trabalham incansavelmente pela pregação do evangelho. Dedicam-se arduamente a manter a unidade da igreja.

Além disso, acredito que se toda a igreja adventista entender a maneira como Deus valoriza a vida humana, com humildade a declaração será reescrita.

Segundo o órgão oficial da Igreja, o documento foi escrito por uma Comissão de Ética do Instituto de Pesquisa Bíblica da Associação Geral da IASD. Em contrapartida, uma leitura comparativa do documento com o Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia; com a referida citação de Ellen G. White, e a posição de Hans K. LaRondelle (noutro post você terá acesso a ela), revela que o documento contradiz tais fontes. Contradiz inclusive a posição do Andrews Bible Commentary.

Isso me leva a concluir que se há uma divergência entre nossos teólogos sobre a pena de morte, tal documento votado pela DSA deveria, jornalisticamente falando, apresentar com clareza os dois lados da moeda (inclusive os nomes e fontes). Do contrário, nem mesmo deveria ser votado enquanto um bom e respeitoso debate não viesse à tona, para tornar as coisas mais claras. Consequentemente, a igreja teria mais subsídios para escrever um documento com mais solidez.

O assunto da pena capital pode não parecer importante para alguns. Por outro lado, para Deus é algo por demais sério. Tanto que ele afirma que o sangue da vítima contamina a terra quando o criminoso é deixado vivo:

“Jamais aceitem resgate pela vida de alguém que foi declarado culpado de assassinato e condenado à morte. Os assassinos deverão sempre ser executados… Essa medida garantirá que a terra em que vivem não seja contaminada, pois o assassinato contamina a terra. O único sacrifício que fará expiação pela terra em caso de assassinato é a execução do assassino” (Nm 35:31, 33. Grifos acrescidos).

 

📢 Notou que para esse crime hediondo, o sangue de cordeiros não poderia fazer expiação pela terra contaminada?

Em conclusão, a força do termo usado para descrever que o homicídio “contamina a terra” demonstra que, na visão de Deus, a questão da pena de morte é tanto ética quanto moral. Trata-se de um princípio universal de valorização da vida humana, e de sua sacralidade . Noutro post falarei do perdão de Deus e de Sua permissão que o assassino receba as consequências do seu crime.  Portanto, não pense que estou negligenciando. Estou apenas focando uma coisa de cada vez.

Em síntese, a pena capital não é questão cultural, válida apenas para uma nação teocrática. Leia, por exemplo, Romanos 13:1-5, onde Paulo diz que o império Romano, “apesar dos pesares”, detinha a “espada” dada por Deus. Não para dar “palmadinhas”, mas para castigar.

Como adventistas do sétimo dia aceitamos toda a Bíblia, Antigo e Novo Testamento, como a Palavra inspirada de Deus (2Tm 3:15-16; 2Pe 1:19-21). Desse modo, na elaboração de um documento oficial, não se deixar de considerar um texto como este, de Números 35:31,33. Além disso, não se deve ignorar a citação de Ellen G. White (e as demais supracitadas), que se encontra no Manuscrito 126, de 1901.

Assim sendo, um estudo mais aprofundado por parte dos irmãos que elaboraram e votaram o documento será de extremo valor. Afinal, o assunto é muito importante para Deus, e a unidade teológica da igreja depende disso.

Depende porque ao mesmo tempo em que a Bíblia recomenda que sejamos unidos (Jo 17:22-23; 1Co 1:10), ela ensina que essa união só pode ser verdadeira e permanente se estiver baseada na verdade da Palavra de Deus (Jo 17:17).

Enfim: sem verdade não há verdadeira unidade. Esse é um dos motivos que tantos cristãos de outras igrejas e outros adventistas se encontram polarizados. Não há união na prática (apenas na teoria) se a mesma não girar em torno do que é certo.

Em virtude de tempo e espaço, noutro momento concluirei um material que, juntamente com este artigo, daria umas 40 páginas. Nele responderei a vários “argumentos” infundados contra a pena capital. Ao mesmo tempo apresentarei outras obras da IASD em que o assunto é abordado biblicamente.

Nesse ínterim, leia meu artigo intitulado “Código Penal Bíblico versus Código ‘Penal’ Brasileiro”. Nele verá que no referido código penal, o Brasil despreza as ordens de Deus, o Legislador Supremo (Is 33:22) e Justo Juiz (Gn 18:25). Surpreendentemente, valoriza-se mais a vida do criminoso do que as vidas das vítimas que ele destruiu.

Clique aqui para ler o artigo onde comparo ambos os códigos penais.

Até a próxima.

Notas e Referências

[1] Veja-se, por exemplo, o capítulo 13 intitulado “A Bíblia”, no livro Conselhos Para a Igreja: Um guia prático para o povo de Deus (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileia, 207), p. 87-91; o capítulo 37, intitulado “Nossa Única Salvaguarda”, do livro O Grande Conflito, 43ª ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2005), p. 593-602; e o capítulo 10, intitulado “O Conhecimento de Deus” da obra Caminho a Cristo: Passos que conduzem à verdadeira felicidade (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2014), p. 85-91.

[2] Ellen G. White, Manuscrito 126, 1901, 4º parágrafo. Veja-se também “Sermons and Talks”, vol. 2, p. 186. Grifos acrescidos.

[3] Átila J. Gonzalez e Ernomar Octaviano, Citações Jurídicas Na Bíblia (São Paulo: Liv. e Ed. Universitária de Direito, 2014), p. 61.

[4] Millard J. Erickson, Teologia Sistemática (São Paulo: Vida Nova, 2015), p. 587.

[5] Gonzalez e Octaviano, Citações Jurídicas na Bíblia, p. 63.

[6] R. N. Champlin, O Antigo Testamento Interpretado Versículo Por Versículo, vol. 1, 2ª ed. (São Paulo: Hagnos, 2001), p. 79.

[7] White, Patriarcas e Profetas, 16ª ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2013), p. 515-516. Grifos acrescidos.

[8] White, Patriarcas e Profetas, 16ª ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 206), p. 92.

[9] Além dos autores e/ou teólogos conservadores citados no presente artigo, eruditos responsáveis por algumas Bíblia de Estudo também merecem consideração. Por exemplo: a Bíblia de Estudo Arqueológica NVI (São Paulo: Vida Nova, 2013), assim se posiciona sobre Gênesis 9:5, 6: “O governo humano foi instituído com a instauração da pena capital para os homicidas”. Por sua vez, a Bíblia de Estudo Scofield (São Paulo: Holy Bible, 2009) destaca: “O homem é responsável por proteger a santidade da vida humana por meio do governo disciplinado para os homens, chegando até mesmo à pena capital (Gn 9:5, 6; comp. Rm 13:1-7).

[10] Francis D. Nichol, ed. (versão original em inglês) e Vanderlei Dorneles, ed. (versão português). Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 1 (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2011), p. 254. Série Logos.

[11] Champlin, O Antigo Testamento Interpretado Versículo Por Versículo, p. 79.

[12] Ángel Manuel Rodríguez, editor geral. Andrews Bible Commentary: Light. Depth. Truth – Old Testament (Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 2020), p. 153. Ver Gênesis 9:1-17.

[13] White, O Grande Conflito, 43ª ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileia, 2014), p. 544.

[14] White, O Grande Conflito, p. 673.

[15] Veja a citação a seguir de Ellen G. White que se encontra também na obra História da Redenção, 11ª ed. (Tatuí. SP: Casa Publicadora Brasileira, 2013), p. 429. Ao tratar da Segunda Morte, ela explicou: “Os ímpios recebem sua recompensa na Terra. Eles “serão como o restolho; o dia que vem os abrasará, diz o Senhor dos Exércitos”. Malaquias 4:1. Alguns são destruídos num momento, enquanto outros sofrem muitos dias. Todos são punidos segundo suas ações. Tendo sido os pecados dos justos transferidos para Satanás, o originador do mal, deve ele suportar seu castigo. Assim tem ele de sofrer não somente pela sua própria rebelião, mas por todos os pecados que fez o povo de Deus cometer. Seu castigo deve ser muito maior do que o daqueles a quem enganou. Depois que perecerem os que pelos seus enganos caíram, deve ele ainda viver e sofrer. […]”.

[16] Disponível em: https://www.adventistas.org/pt/comunicacao/2019/10/25/pena-de-morte/ Acessado em: 30 de dezembro de 2020.

[17] Igreja Adventista do Sétimo Dia, Declarações da Igreja: Aborto, Assédio Sexual, Homossexualismo, Clonagem, Ecumenismo e Outros Temas Atuais, 3ª ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2012).

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57 respostas

  1. “Hoje servimos ao mesmo Deus, mas a penalidade de morte foi abolida.” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja [Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2021], v. 5, p. 231). “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). Uma das finalidades da vinda de Cristo ao mundo foi abolir a pena de morte que havia na lei mosaica. A aplicação da pena de morte tira a possibilidade de arrependimento do condenado. Um cristão jamais pode apoiar a pena de morte, e deveria combatê-la onde ela existe.

  2. [19/5 13:46] Alleda: Prof. Leandro Quadros, tenho todo respeito por seu trabalho no programa Na Mira da Verdade, por você ser um estudante das Escrituras, porém discordo do seu posicionamento com relação a aplicabilidade da pena capital para os dias atuais. O texto de Paulo em Romanos explicita algo que infelizmente muitos não compreendem. Roma era pagã e ainda sim Paulo diz que é instrumento da justiça de Deus ao executar o culpado. Pra mim está muito claro o que ele quis dizer, porém vou tentar esclarecer melhor para aqueles que ainda confundem: Roma estaria sendo um instrumento da justiça de Deus ao condenar alguém de forma injusta? Como condenou a Cristo? Se sua resposta foi não, logo se conclui que Paulo estava apontando o fato que qualquer um, seja governo, indivíduo ou instituição quando age em conformidade com a vontade de Deus está sendo um instrumento Seu, ainda que não seja intencionalmente.
    Ao comparar o Juízo Final com essa questão da pena capital, você ignora o fato de que o Juiz do Juízo Final é Deus que julga todas as causas de maneira justa e sem erros. Já a pena capital que estamos discutindo, o juíz seria o homem, que como todos sabemos é passível de erro e não julga com justiça. Quando o homem decide se o criminoso deve morrer ou não, ele desconsidera a possibilidade de arrependimento do mesmo. Por que com Deus é diferente? (bom é meio óbvio), Ele conhece não só profundamente o indivíduo e suas ações presentes, como o seu futuro, logo ele pode dar fim a vida daqueles que Ele sabe que jamais mudariam seu caráter. Espero que esses argumentos possam trazer uma reflexão a todos nós. Esse é o meu desejo sincero que compreendamos a Palavra de Deus e o dom de Profecia conforme a vontade do Espírito Santo!

  3. Para começo de discussão então, os cristãos, da época do assassinato de Jesus pelos fariseus e romanos, Paulo, Pedro, e demais discípulos e crentes, deveriam ter vingado a morte do Nosso Salvador ?
    Ah, mas é o Estado que deve matar…Por que fazer de um agente público um assassino? Então, alguém poderia sugerir um pastor ou sacerdote para a execução…
    Vão aprender o que significa isto: ‘Desejo misericórdia, não sacrifícios’. Pois eu não vim chamar justos, mas pecadores”.

    Mateus 9:13

    e”u vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” Jo 10:10b

  4. ARGUMENTOS CONTRA E A FAVOR A PENA DE MORTE

    Velório do brasileiro Rodrigo Gularte, condenado à morte na Tailândia por tráfico de drogas. (Foto: Nyimas Laula/Reuter)

    Os constantes casos de violência colocam em questão se as punições aplicadas no país realmente são suficientes, principalmente para crimes considerados bastante graves. Ainda que o governo até então não tenha demonstrado interesse em recolocar a pena de morte no ordenamento jurídico, há quem defenda a volta dessa forma de punição.

    Uma pesquisa realizada pelo Datafolha, em setembro de 2014, revelou que 43% dos brasileiros é a favor da pena de morte, enquanto 52% se posicionaram contra. Muitos dos que se posicionam a favor utilizam como principal argumento que a pena de morte reduziria a violência no Brasil e diminuiria os gastos com ressocialização dos presos, uma medida que poucas vezes funciona. Para os favoráveis à pena de morte, ela é a única forma de garantir que criminosos não retornem à sociedade ou cometam outros crimes dentro da prisão.

    Saiba quais os tipos de prisão no Brasil!

    Os que discordam dessa posição argumentam que a defesa da pena de morte no Brasil é guiada puramente por sentimento de vingança, sem qualquer motivação racional, o que faz com que a sociedade não perceba as desvantagens que a punição pode trazer, como desperdício de recursos que poderiam ser melhor utilizados na recuperação do preso.

    Um estudo realizado com 67 pesquisadores estadunidenses, especialistas na temática da pena de morte, e publicado pelo Jornal de Lei Criminal e Criminologia da Universidade de Northwestern, em Chicago, mostra que, para 88,2% deles, a pena de morte não tem qualquer impacto sobre os níveis de criminalidade. Para eles, não existem quaisquer dados ou estudos provando a relação entre a pena de morte e a diminuição da criminalidade.

    Alguns destes especialistas defendem que a prisão perpétua seria uma melhor alternativa, por ser uma pena menos drástica, mas com igual capacidade de tirar da rua os criminosos mais perigosos.

    Porém, um outro grupo de especialistas estadunidenses, formado principalmente por economistas, publicou uma série de trabalhos comparando o número de execuções em determinadas regiões dos Estados Unidos com seu histórico de homicídios. O resultado encontrado por um desses estudos, elaborado pelos economistas da Universidade de Houston Dale Cloninger e Roberto Marchesini, mostrou que cada execução realizada no estado do Texas evitou entre 11 e 18 homicídios durante o período analisado.

    Para Joel Birman, psicanalista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), aprovar a volta da pena de morte no Brasil é ignorar os diversos problemas sociais enfrentados no país.

    Para ele, aqueles que defendem a pena de morte são pessoas pertencentes sobretudo às elites brasileiras, que ignoram o fato de já existir uma espécie de pena de morte no país, que é a violência diária que ocasiona diversas mortes entre as camadas mais pobres da população.

    Portanto, enquanto os defensores da pena de morte afirmam que ela é a única solução para impedir que criminosos voltem a cometer crimes na sociedade, os que são contra a pena capital acreditam que ela não teria qualquer efeito, já que nenhum criminoso deixa de cometer um crime acreditando na possibilidade de ser punido. Para eles, o papel das prisões é ressocializar o preso, dando a ele chances de retorno ao convívio em sociedade.

    Quer entender melhor sobre penas alternativas no Brasil? Vem com a gente!

    PANORAMA DA PENA DE MORTE NO MUNDO

    Sala de execuções em presídio no Texas (EUA). (Foto: Courtesy Jenevieve Robbuns/Reuters)

    Ainda que a pena de morte seja repudiada por inúmeras organizações de direitos humanos do mundo todo, ela continua a ser uma prática em diversos países. Segundo relatório apresentado em 2016 ao Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 170 dos 193 países que integram a ONU já aboliram a pena de morte ou não a praticam mais há pelo menos 10 anos. Cerca de 102 deles já aboliram a pena capital em todos os tipos de crime.

    Contudo, 23 países aplicaram a pena de morte em 2016. Os principais deles são Irã, Paquistão, Arábia Saudita e Iraque, que juntos foram responsáveis por 87% das práticas de pena de morte durante o ano. Acredita-se que a China seja a nação com maior número de aplicações da pena de morte, na casa de milhares, mas como o governo coloca os dados como secretos, a pena de morte do país não entra para as estatísticas.

    Nos Estados Unidos a prática tem sido cada vez menos frequente. Entre os 31 estados onde a pena de morte ainda é legal, 10 renunciaram a esse tipo de punição. Dos 50 estados no país, 29 já não empregam mais a pena capital.

    Os motivos que levam a uma pena de morte podem ser bem definidos ou abstratos, de acordo com a constituição de cada país. Segundo a Anistia Internacional, os motivos mais recorrentes em 2016 foram crimes relacionados às drogas, sequestro, estupro, blasfêmia ou “insulto ao profeta do islã”.

    Houve ainda casos de pena capital para espionagem, traição, colaboração com entidades estrangeiras, questionar políticas do líder local ou participação em movimentos de insurreição ou terrorismo. As execuções podem ser feitas de diversas formas, como enforcamento, apedrejamento, fuzilamento ou injeção letal.

    Ao todo, foram registrados 1.032 aplicações de pena de morte em 2016, 37% a menos que no ano anterior. Ainda assim, existem hoje 18.848 pessoas no corredor da morte ao redor do mundo. Ainda que a pena de morte seja um processo legal nos países que a aplicam, diversas etapas são desrespeitadas durante esse procedimento.

    A Anistia Internacional aponta como alguns dos problemas as confissões obtidas por meio de tortura, imposição de pena de morte automática para alguns tipos de crime, sem qualquer julgamento e diversos outros desrespeitos às regras firmadas por acordos internacionais.

    E você, é a favor ou contra a pena de morte no Brasil? Deixe a sua opinião!

    Fontes: Nações Unidas – Nexo: pena de morte tem alta em 25 anos – Nexo: panorama da pena de morte no mundo – BBC: pena de morte tem aplicação prevista no Brasil – BBC: execuções não reduzem criminalidade – El País

    Última atualização em 10 de abril de 2019.
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    Isabela Souza
    Isabela Souza

    Estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

  5. Embora muito bem escrito o artigo não cita nenhuma passagem do novo testamento que cite este assunto ou o explique, embora existam outros como o divórcio que esclarecem que, embora tolerado por Deus, a prática não tinha sua aprovação. Assim como não são recomendadas determinadas legislações de escravidão/servidão, entre outros temas. Em seu documento oficial a IASD não declara apoio ou defesa a tal prática, apenas submete-se a legislação se existente. O mandamento (Não matarás) não abre exceções ou alternativas inclusivas. Assim sendo mesmo que regulamentado juridicamente, não deve ser incentivado, proposto ou defendido por cristãos, em função da ordem divina expressa, clara e objetiva como em outros mandamentos igualmente específicos, (não roubar, não mentir, etc), sob o risco de permitir-se tais inclusões condicionais nestes também.

    1. Estimado Silvio: Primeiramente quero agradecer por sua postura muita educada na forma como discordou de mim. Além de uma pessoa madura, você demonstra ser um cristão que vive aquilo que acredita.

      Vou explicar a você o porquê de eu não ter colocado nenhum texto do Novo Testamento de forma explícita (apenas mencionei entre parênteses).

      O motivo é que tenho outro artigo, bem mais abrangente, no qual me detenho em tais textos. Nas próximas semanas pretendo concluí-lo, para que contribua mais para o entendimento do assunto.

      A princípio, para não lhe deixar sem nenhuma resposta bíblica, vou disponibilizar o texto de Romanos 13:1-5 juntamente com a posição do Comentário Bíblico Adventista a respeito do texto (atente para os grifos que colocarei em Romanos 13):

      “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação. Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal“.

      Perceba que, apesar de o império dominante ser a perversa Roma, Paulo considerou os magistrados como instrumentos de Deus para punir com a espada aqueles que fazem o mal. Esse texto é bem claro, mas, no documento da igreja, ele (entre outros) foi bem pouco analisado.

      Agora, veja o que o SDABC diz sobre o referido texto:

      “Visto que desobedecer ‘aos poderes que existem’ é resistir à ordenação de Deus, a penalidade que as autoridades impõem (na época, Roma tinha a pena de morte, não nos esqueçamos) também representa o juízo e a ira de Deus sobre o rebelde (…) Espada: Símbolo da autoridade do governante para aplicar punição (…) Para castigar: Literalmente ‘para a ira’. Como ‘ministro de Deus’, cabe ao estado aplicar a punição sobre os malfeitores (v. 2; Rm 12:19)”. – Francis D. Nichol e Vanderlei Dorneles, Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 6 (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2014), p.p. 689 e 690. Série Logos.

      O irmão também fez menção ao mandamento “não matarás”. Quero lhe ajudar a diferenciar o mandamento da pena capital.

      Nas Escrituras existem palavras hebraicas diferentes para “matar”. Isso ficará mais claro no artigo sobre o qual lhe falei acima.

      Em Êxodo 20:13, o termo hebraico não proíbe a pena de morte, mas sim o homicídio. Veja como o texto aparece traduzido na Tradução Ecumênica da Bíblia (bem reconhecida no meio acadêmico, juntamente com a Bíblia de Jerusalém):

      “Não cometerás homicídio”

      Quando Deus usou Israel como instrumento de justiça para eliminar nações pagãs depravadas, Ele não considerou isso “homicídio”, pois, no mandamento, “homicídio” significa “matar inocentes”. Já a pena de morte tira a vida de pessoas “não inocentes”. Neste caso, os pagãos depravados que mencionei.

      Sempre que quiser trocar ideias, estarei à sua disposição.

      Um abraço e tenha uma feliz semana.

    2. Estimado irmão Silvio:

      Respondi ao seu comentário anteriormente. Mas, para ter certeza de que a resposta chegue a você, transcreverei a resposta logo abaixo. Qualquer dúvida estou à sua disposição, ok

      Um abraço.

      ===========================================================

      Estimado Silvio: Primeiramente quero agradecer por sua postura muita educada na forma como discordou de mim. Além de uma pessoa madura, você demonstra ser um cristão que vive aquilo que acredita.

      Vou explicar a você o porquê de eu não ter colocado nenhum texto do Novo Testamento de forma explícita (apenas mencionei entre parênteses).

      O motivo é que tenho outro artigo, bem mais abrangente, no qual me detenho em tais textos. Nas próximas semanas pretendo concluí-lo, para que contribua mais para o entendimento do assunto.

      A princípio, para não lhe deixar sem nenhuma resposta bíblica, vou disponibilizar o texto de Romanos 13:1-5 juntamente com a posição do Comentário Bíblico Adventista a respeito do texto (atente para os grifos que colocarei em Romanos 13):

      “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação. Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal“.

      Perceba que, apesar de o império dominante ser a perversa Roma, Paulo considerou os magistrados como instrumentos de Deus para punir com a espada aqueles que fazem o mal. Esse texto é bem claro, mas, no documento da igreja, ele (entre outros) foi bem pouco analisado.

      Agora, veja o que o SDABC diz sobre o referido texto:

      “Visto que desobedecer ‘aos poderes que existem’ é resistir à ordenação de Deus, a penalidade que as autoridades impõem (na época, Roma tinha a pena de morte, não nos esqueçamos) também representa o juízo e a ira de Deus sobre o rebelde (…) Espada: Símbolo da autoridade do governante para aplicar punição (…) Para castigar: Literalmente ‘para a ira’. Como ‘ministro de Deus’, cabe ao estado aplicar a punição sobre os malfeitores (v. 2; Rm 12:19)”. – Francis D. Nichol e Vanderlei Dorneles, Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 6 (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2014), p.p. 689 e 690. Série Logos.

      O irmão também fez menção ao mandamento “não matarás”. Quero lhe ajudar a diferenciar o mandamento da pena capital.

      Nas Escrituras existem palavras hebraicas diferentes para “matar”. Isso ficará mais claro no artigo sobre o qual lhe falei acima.

      Em Êxodo 20:13, o termo hebraico não proíbe a pena de morte, mas sim o “homicídio”. Veja como o texto aparece traduzido na Tradução Ecumênica da Bíblia (bem reconhecida no meio acadêmico, juntamente com a Bíblia de Jerusalém):

      “Não cometerás homicídio” (Êx 20:13, TEB).

      Quando Deus usou Israel como instrumento de justiça para eliminar nações pagãs depravadas, Ele não considerou isso “homicídio”, pois, no mandamento, “homicídio” significa “matar inocentes”. Já a pena de morte tira a vida de pessoas “não inocentes”. Neste caso, os pagãos depravados que mencionei.

      Sempre que quiser trocar ideias, estarei à sua disposição.

      Um abraço e tenha uma feliz semana.

      1. Essa passagem de Romanos 13 é a preferida dos falsos-profetas, que sempre a usam para manipular as pessoas politicamente. Mas isso é tão fácil de desmascarar e para isso não é preciso nem mesmo usar qualquer outra passagem bíblica. Basta apenas fazer algumas perguntinhas bem incisivas, que eles não conseguem responder, mas sempre fogem covardemente, porque percebem que estão sendo desmascarados.
        Responda aí Leandro, se puder:
        1 – Na sua opinião, Adolf Hitler também foi uma “autoridade instituída por Deus”?
        2 – A passagem diz “os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal”. Você que o holocausto nazista foi um grande bem para a humanidade?
        3 – E o que dizer da violência policial, que no Brasil é algo endêmico nas regiões periféricas das grandes cidades, onde policiais invadem as favelas, sem mandado judicial, espancam pessoas já imobilizadas, torturam, matam, esquartejam, ocultam provas e cadáveres, incriminam pessoas inocentes, fraudam processos e inquéritos para acobertar tudo, algo que nunca foi combatida ou sequer PRONUNCIADo no meio adventista? Esses terroristas que usam farda no Brasil também foram colocados por Deus? E as suas vítimas, muitas vezes mulheres grávidas, idosos, deficientes físicos e até crianças com menos de 5 anos mereciam isso? Estavam sendo “castigados” pela prática de algum mal?
        Responda de for homem.

  6. Caro professor, estou estudando sobre o assunto a alguns anos, e preso pela posição bíblica, não a de fulano ou siclano. E para a mim a posição bíblico é a que o senhor abordou no artigo. Não concordo com muitas interpretações que o senhor faz em outras questões, mas até o momento na questão de pena capital não há o que descordar. Sobre o voto da DSA, no ano em que li,achei raso, faltando uma analise bíblica mais profunda. Acredito que deveria ser refeito.

    1. Olá, William: primeiramente fico muito contente em contar com seu carinho e respeito mesmo discordando de mim em relação a outras questões. Isso mostra sua maturidade emocional e seu cristianismo. Tenho satisfação em ter como seguidores pessoas como você.

      Concordo plenamente com você – na verdade minha impressão quando li o documento foi a mesma que a sua: o documento foi raso e faltou uma análise bíblica mais profunda. Mas confio totalmente em nossos líderes, e sei que o Espírito os guia e guiará.

      Um abraço e um ótimo 2021 para você e sua família!

  7. Prezado Pastor Leandro!
    Não gosto de bandido! Aprecio vê-los se lascando quando do exercício das escludentes de ilicitude pelas vítimas ou pela polícia. Eu era um defensor da pena de morte, até quando “caiu a ficha” de que para que ocorra uma execução é necessário que uma pessoa “atire a pedra”, “aplique a injeção”, “ligue a cadeira elétrica”, “aperte o gatilho”, etc., logo, devo considerar seriamente a possibilidade de ser eu o carrasco. Pergunto: caso a pena de morte fosse implantada no País, o Senhor se canditaria à executor?

    1. Olá, Vilson!

      Sua análise foi bem interessante, e quero lhe mostrar que você não precisa mudar seu posicionamento e ser contra a pena de morte.

      Veja: Deus capacita as pessoas para todas as funções. Sendo que Romanos 13:1-5 diz que o Estado é “a espada de Deus para castigar o mal”, certamente ele capacitou pessoas para esse ofício (assim como capacitou os Israelitas para acabarem com as nações pagãs depravadas).

      Você e eu, por sermos civis, não somos autorizados a fazer isso (Rm 12:19). Mas, se eu fosse do Estado e fosse incumbido de aplicar a pena ao criminoso, o faria sem nenhum constrangimento. A única coisa que eu faria como cristão seria, antes, falar de Jesus para que essa pessoa, ao pagar pelo seu crime, morra salva, assim como o criminoso na cruz que pagou pelo seu crime e morreu salvo (Lc 23:42-43).

      Um abraço e feliz 2021 pra vc!

  8. Li o artigo sobre pena de morte, e nao pela minha opinião, mas por todo o argumento Bíblico do artigo vejo que a pena de morte em ¨é a favor da vida¨. A Bíblia nos traz experiencia de que deixar impuni um assassinato por planejado é bem pior do que executar o criminoso. é bem provável que mais mortes aconteçam com a falta da pena de morte do que com a própria pena de morte. Não devemos ter uma visão distorcida de Deus. graças a Deus pela sua palavra que é completa de Gênesis ao apocalipse. quando nós ignoramos 2 Tm 3:16, passamos a considerar na Bíblia apenas aquilo que mais se adeque ao nosso ponto de vista. Deus não é apenas amor, mas justiça também. no entanto a sua justiça é amor. já pensou se Deus é um amor distorcido de forma a amar tanto o assassino ao ponto de deixa-lo fazer toda crueldade? Esse amor nao poderia ser aplicado a vítima, mas a vítima apenas receberia injustiça. assim sendo Deus nao seria nem amor, nem muito menos justiça. leiamos a Bíblia buscando ser justo com o tudo que está na palavra de Deus para que não venhamos a ter a nossa interpretação de forma a Bíblia nao aprovar. toda a escritura foi inspirada por Cristo que é um membro da trindade. jamais a trindade pode se contradizer.

    1. Que ótima análise você fez, Antonio! Suas conclusões foram totalmente bíblicas e ponderadas:

      “… a pena de morte é a favor da vida”.

      “É bem provável que mais mortes aconteçam com a falta da pena de morte do que com a própria pena de morte”.

      “Já pensou se Deus é um amor distorcido de forma a amar tanto o assassino ao ponto de deixa-lo fazer toda crueldade?”

      “Toda a escritura foi inspirada por Cristo que é um membro da trindade. Jamais a trindade pode se contradizer.”

      O Espírito Santo lhe deu grande discernimento! Quando fizer um vídeo sobre comentários “Diamantes”, com certeza incluirei o seu 🙂

      Abração.

  9. Bom dia Dr° Leandro Quadros!

    Sou advogado, militante da área Penal e gostaria de agradecer pelas considerações tão elucidativos em relação a temática abordada com tanto equilíbrio e base doutrinária, rica e diversa.
    No primeiro momento, quando nos referimos a uma pena tão drástica à vida humana em relação ao posicionamento de Deus, conforme os textos ao longo do artigo, nos parece que esse posicionamento não pode ser o de Um Deus de Amor, Misericórdia, que é longanimo em perdoar pecados e restaurar vidas de pecador. Porém, a fundamentação teológica e jurídica utilizada pelo Doutor, nos colocar para refletir sobre o erro pregado ao mundo evangélico sobre a excessiva graça de Cristo, principalmente sobre o tema abordado.
    O conhecimento é libertador e transformador quando bem fundamentado. Estou impressionado com a riqueza do artigo .Ele é de uma contribuição incalculável, principalmente para a área jurídica. Permita-me compartilhá-lo com os meus pares para que o obscurantismo do tema traga luz divina.
    Grande abraço!!

    1. Olá, Marcelo!

      Quero agradecer por ter lido meu artigo e me dado esse feedback muito precioso. Sendo você especialista na área Penal, certamente seu comentário ajudará muitas outras pessoas a refletirem sobre o assunto.

      Fique à vontade para compartilhar meu artigo com seus colegas. Nas próximas semanas vou concluir um bem mais abrangente. Este sim será devastador para os argumentos “contra” a pena capital.

      Há um tempo escrevi um artigo intitulado “Código Penal Bíblico versus Código Penal Brasileiro”. Comparei a forma como 3 crimes (assassinato, estupro e sequestro) são punidos em ambos os Códigos. Gostaria de ter sua opinião a respeito, pois, se cometi algum erro conceitual, poderia aproveitar de seu conhecimento e corrigir.

      Se tiver tempo para isso, agradeço muito 🙂

      O link para o artigo é este: https://leandroquadros.com.br/o-codigo-penal-biblico/

      Um abraço e que Deus o abençoe ricamente!

  10. Leandro, muito bom o Artigo. Porém tenho algo a colocar . Muitas coisas que Deus faz e Jesus fez está aquém de nossa compreensão. Tentamos interpretar e.claramente o espírito santo nós revela quando é necessário ao homem. Existem coisas que somente Deus sabe e somente ele aplica à nossa vida. Por exemplo: Caim cometeu homicídio. Como interpretar a atitude de Deus? Deus não tirou a vida de Caim, não sabemos ao certo que sinal foi colocado para que ninguém tocasse em Caim e que se lhe tirasse a vida aconteceria algo pior. Qual foi julgamento de Deus para com Caim? Jesus e a mulher adúltera. Era para ela ser apedrejada. Qual foi o julgamento de Jesus? A maneira como Deus age para .com o homem transgressor foi.escrito na palavra de Deus. Como Jesus agiria se fosse hoje com os homicidas. Como Deus está pedindo hoje para você agir com tais pessoas. São coisas que somente Deus para nós dizer em revelar. Deus abençoe.

    1. Prezado irmão Vonivaldo: seu comentário, além de educado, é super sincero. Agradeço por sua forma respeitosa em se expressar em relação ao meu artigo.

      Há alguns dias gravei um vídeo onde explico o porquê de Deus não ter matado Caim, mesmo merecendo. Deixarei o link para que você assista e faça suas considerações: https://youtu.be/mOXzGObRQ7k

      Quanto à mulher adúltera, há algo de muito interessante nessa atitude de Cristo. Deixarei outro link para que leia o artigo do Pr. José Flores Jr., onde ele aborda essa questão, entre outras: https://revistas.unasp.edu.br/kerygma/article/view/173/174

      Nas próximas semanas abordarei também esse e outros argumentos sobre a pena de morte num artigo mais abrangente. Quando publicar, o irmão será notificado nas redes sociais.

      Um abraço e que o Senhor o abençoe ricamente.

  11. Discordar de um documento oficial da IASD…assim, por este canal? O risco de perder o emprego ou o colocarem na geladeira é alto! para alguns, um ato de coragem. Para outros, loucura. Fico com a primeira opção, sem entrar no mérito de concordância/discordância dos argumentos sobre o polêmico tema.

    1. Eu acho que esse falso-profeta infiltrado não só deveria ser expulso do ministério, mas também excluído da igreja e processado criminalmente.
      O que ele está fazendo é disseminar o ódio, fortalecer a cultura da intolerância política, que no Brasil ainda é muito forte, contra o estado laico e a favor do fundamentalismo teocrático, estimulando a cultura vingativa de morte entre as pessoas e acobertando o terrorismo de estado.
      Se a cúpula mundial da IASD não tomar providências contra isso, ao meu ver isso é caso para ser levado à Suprema Corte de Haia. Não é de hoje que a IASD vem acumulando monstruosidades no seu histórico político. Tem pastores envolvidos até mesmo com crimes de guerra e com o Nazismo.

      1. Acredito que o texto de Romanos explicita algo que muitos não compreendem, mesmo que Roma não vivesse sobre os preceitos divinos, era pagã, quando faz algum ato que está em conformidade com a vontade de Deus, está sendo de certa forma instrumento de Deus ainda que não seja intencionalmente, ou seja uma execução romana justa é bem vista aos olhos de Deus, mas todos sabemos que qualquer instituição humana é passível de erro, portanto qualquer condenação injusta automaticamente não seria bem vista aos olhos de Deus. Todos os textos bíblicos e do Espírito de profecia deixam bem claro que Deus tem todo direito de condenar alguém a morte, pois Ele é o único Justo e que conhece o coração do homem profundamente pra determinar justamente sua condenação. Quando o artigo faz a comparação da pena capital ser aplicada na atualidade com o juízo final, creio que esta é uma comparação injusta, por que a questão é : Deus pode condenar ou absolver a todos, (juízo final); O homem não, pois não julga com justiça. (Pena capital aplicada na atualidade). Oremos sempre pra que Deus nos ajude a compreender Sua Palavra.

  12. Davi e Moisés foram homicidas. Em Ambos os casos fica evidente a despreocupação bíblica em aplicar filtros mesmo na história de grandes líderes da história de Israel. No caso de Moisés, configura-se como “justiça” com as próprias mãos. Um descontrole emocional ao ver um um ato de crueldade e injustiça contra um dos seus.
    Já pensou se a pena de morte fosse aplicado a risca? (ou a letra?), não haveria Davi e Moisés em seus períodos áureos!
    Li hoje em Marcos aquele episódio em que os Fariseus indagam a Jesus sobre o fato de seus discípulos não jejuarem (o que era bíblico de acordo Lev 16:29) . O final de sua resposta pode lançar luz ao ponto que está se discutindo quanto a pena de morte: “Ninguém costura remendo de pano novo em veste velha…”

    1. Talvez o principal objetivo do texto seja demostrar por meio da Bíblia e espírito de profecia que a aplicação da pena capital não é ilegal e se o estado assim desejar pode ser usado.

    2. Moisés matou um egípcio porque estava oprimindo um dos escravos hebreus, aos quais era solidário. Isso é um ato tipicamente revolucionário! Eu não vejo nada de criminoso ou pecaminoso nisso aí. Aliás, na minha opinião, esse é o único motivo que justifica a pena de morte: para ser aplicada na eliminação de senhores de escravos, uma vez que absolutamente nada justifica a existência de qualquer forma de escravidão.
      Quanto a Davi, que adulterou/estuprou Bate Seba e depois matou seu marido Urias, se a pena de morte fosse algo realmente amplo, geral e irrestrito, para todos os crimes que eram previstos nela, obviamente Davi teria sido executado por ela. E porque não foi é que temos certeza de que, mesmo no Velho Testamento, Deus não era realmente a favor dessa pena. Assim como no caso de Caim também.

  13. Excelente explicação! Parabéns, meu irmão! Que DEUS continue abençoando sua vida e a vida de seus familiares. Não existe recompensa maior do que ser um condutor de bençãos às almas sedentas pelo evangelho eterno de CRISTO JESUS!!

  14. Prezado irmão Leandro Quadros.
    Vc criticou abertamente o documento da DSA. Tentou atenuar com palavras elogiosas, mas é rude ao extremo com aqueles que discordam de vc.
    Sinto-me constrangida por eles e peço q vc amenize suas observações.
    É assim mesmo. Pessoas discordam. Às vezes sabem mais do que nós também.
    Vivendo e aprendendo.

  15. Assim como foi nos dias de Elias, hoje também se faz necessário que se levante pessoas para pregar e dizer o óbvio.

    Apesar dos falsos pastores defendendo erro serem maior em número (no caso de Elias, 400 contra 1), a verdade e o que é certo hão de triunfar.

    Assim como nos dias de Acabe, hoje muitos sacerdotes sutilmente misturam doutrinas e pressupostos mundanos com o claro ASSIM DIZ O SENHOR.

    Deus seja louvado pela sua vida professor Leandro, e que você sirva de inspiração para que muitos possam ter a coragem de se levantar e defender a verdade de Deus nesses dias tão tenebrosos onde o erro e o engano parecem prevalecer.

  16. Concordo plenamente com você, infelizmente as pessoas não conseguem associar a justiça condenatória e fria de Deus, com a sua justiça de perdão e graça, infelizmente o ser humano sem Deus é irrecuperável, e quando segue o caminho homicida tem que ser barrado pelo mesmo crime que praticou. Não se perturbe com a opoisição, se um ente querido deles fosse assassinado, talvez pensariam diferente.

  17. O Rei Davi mandou que Urias fosse colocado na linha de frente do combate e onde o combate estivesse mais violento, para que Urias morresse, e Urias morreu no combate, e o seu pecado(de Davi), de adultério com Batesaba, mulher de Urias, fosse encoberto pelo povo.
    Se o assassino deveria receber a pena de morte, não havendo nenhum sacrifício para escapar da pena de morte, porque o profeta Nată, não sentenciou a pena de morte para Davi?
    De manhã, Davi enviou uma carta a Joabe por meio de Urias.
    Nela escreveu: “Ponha Urias na linha de frente e deixe-o onde o combate estiver mais violento, para que seja ferido e morra”.
    Como Joabe tinha cercado a cidade, colocou Urias no lugar onde sabia que os inimigos eram mais fortes.
    Quando os homens da cidade saíram e lutaram contra Joabe, alguns dos oficiais da guarda de Davi morreram, e morreu também Urias, o hitita.
    O profeta Nată afirmou que o Rei Davi matou Urias. II Samuel 12:1-29

    1. Justamente por ser Rei/Juiz do povo, e o profeta não ser a pessoa competente para dar tal sentença, que o caso de Davi foi uma exceção à regra.

      Apesar de não sofrer a pena capital, Davi sofreu severamente por causa desse “assassinato”. Tanto sua família quanto o reino de Israel sofreram consequências terríveis desse ato praticado pelo rei que deveria executar apenas a justiça.

      1. Eduardo Sampaio, sua resposta, não reflete o artigo publicado do professor e jornalista Leandro Quadros, não há em nenhum lugar na Bíblia que diga que foi dado uma exceção para o pecado de Davi, e o profeta Nată não precisava ser a pessoa competente para dar a sentença de pena de morte para Davi, pois já existia essa lei, no caso, era só aplicá-la.
        A LEI era CLARA, o assassino deve morrer.

        Deus não abriu excessăo para o pecado de Moisés quando feriu a Rocha ao invés de apenas falar para que saísse água da Rocha, por esse pecado, Moisés não entrou na terra de Canaã terrestre.

          1. Professor Leandro Quadros, assisti sua Live sobre o motivo “porque Caim e o Rei Davi não receberam a pena de morte…”

            Obradeço pela explicação e resposta deste assunto, no qual foi baseado com a força das Escrituras, A Palavra de Deus, assim, concordo plenamente com seu argumento.

            Também aprendi e concordo, com mais substância sobre a PENA DE MORTE em razão de assassinato.

            Professor Leandro Quadros, continue sempre defendendo as verdades contidas na palavra de Deus, pois acredito, que o senhor(Leandro Quadros), és um Elias nos tempos modernos, para defender e trazer a luz a verdade das Escrituras a todos nós.

            Louvado seja Deus!

            Obrigado.

          2. Estimado Ary:

            Suas palavras de ânimo servem de encorajamento para eu continuar nessa jornada, e sempre enfrentar aos ataques de Satanás com fé e coragem.

            Obrigado pelo que disse e por sua confiança.

            Deus o abençoe!

          3. Irmão Ary: ver que você compreendeu o artigo e, principalmente, que aceitou a autoridade das Escrituras, é motivo de alegria para mim!

            Parabéns por moldar sua cosmovisão a partir da Bíblia.

            Agradeço por sua confiança em meu trabalho para Deus, e peço que ore por mim, ao menos uma vez. Ficarei extremamente agradecido por sua oração.

            Um abraço e tenha uma feliz semana!

  18. Para quem tem a mínima noção do que é uma exegese técnica (crítica-textual, tradução, delimitação, análise da constituição do texto, análise do gênero, análise da forma/estrutura (resultante da análise semântica, sintática e pragmática), análise das tradições (alusões, citações etc.), para quem tem pelo menos uma mínima noção, ter de ler uma “explicação bíblica” feita por Leandro Quadros (ou por fundamentalistas semelhantes) é um martírio.
    A grande “técnica” dele é a metodologia “pula-pula”, ou seja, salta de um texto a outro, ainda que sem a menor preocupação com nexo lógico, contexto literário, histórico, social, (ainda que tudo isso esteja disponível a quem queira). Ela salta do Novo Testamento, ao Antigo, depois vai para EGW, com tanta habilidade como um farofeiro faz farofa.
    De qualquer forma, li o texto dele escrito para dizer que o “pensamento bíblico-hebraico” fundamenta a pena de morte e, até o documento oficial da DSA que posicionou contra a pena de morte, segundo Leandro Quadros, deve ser mudado, pois EGW, em harmonia com o tal pensamento hebraico-bíblico, também defende a pena de morte. Quadros, no seu texto, acredita estar fornecendo a base bíblica para a DSA mudar de ideia!
    Apesar de ele dizer que toda a Bíblia precisa ser levada em consideração, curiosamente, ele não mencionou o explícito ensino paulino, como se verifica em Gal 3:15-25; ou 2ºCor 3:6-18 etc., que o Cristão não vive regido pela Torá judaica, aquela mesma outorgada a Israel, no Sinai, 430 anos após a aliança com feita com Abraão (é Paulo que escreveu isso explicitamente). Segundo Paulo, a vida no Espírito é superior e distinta daquela vida regida pela Torá mosaica. Ele mesmo não se pauta por ele (Gal 2:19a).

    Entretanto, farei de conta que sigo a insensatez e o mesmo analfabetismo bíblico do fundamentalista Leandro Quadros, mencionarei outras aplicações da pena de morte ordenadas lá nos mesmos textos em que ele se embasou. Ou melhor, vou citar os textos que ele fez questão de deixar de fora, pois selecionou apenas aquilo que o interessou. Mas segundo Quadros, os textos do Pentateuco sobre pena capital é que devem fundamentar a posição do cristão e do Estado hoje. Vamos ao texto então.
    Um dos textos citados por ele diz “Não aceitareis resgate pela vida do homicida que é culpado de morte; antes, será ele morto” ( Num 35:31 ). Destaca-se aqui a impossibilidade de resgate e a obrigatoriedade da morte. É uma obrigatoriedade igual ao caso de alguém (p.ex.: um pai) dedicar outro alguém (p. ex.: um filho ou um servo) que lhe esteja sujeito para holocausto a Deus. Assim, diz Lev 27:29: Ninguém que dentre os HOMENS for dedicado IRREMISSIVELMENTE ao SENHOR se poderá resgatar; SERÁ MORTO.

    Em Números, mesmo livro bem enfatizado por Quadros, conta-se que: “acharam um homem apanhando lenha no dia de sábado [Num 15:31] … “Então, disse o SENHOR a Moisés: Tal homem será morto; toda a congregação o apedrejará” (Num 15:35). Esse relato está em harmonia Êxodo 31:14 que diz: “Portanto, guardareis o SÁBADO, porque é santo para vós outros; aquele que o profanar MORRERÁ”. Igualmente, Êxodo 31:15 diz: “qualquer que no dia do SÁBADO fizer alguma obra MORRERÁ”.

    Além disso, Êxodo 21:17 diz: “Quem amaldiçoar seu pai ou sua mãe será morto”. Levítico 20:9 diz: “Quem tiver coito com animal será morto”.
    Lv 20:10 diz: “Se um homem adulterar com a mulher do seu próximo, será morto o adúltero e a adúltera”.
    Lev 20:12 diz: “Se um homem se deitar com a nora, ambos serão mortos”
    Lev 20:13 diz: Se também um homem se deitar com outro homem, como se fosse mulher, ambos praticaram coisa abominável; serão mortos;
    Lev 20:14 diz “Se um homem tomar [unir-se sexualmente] uma mulher e sua mãe, maldade é; a ele e a elas queimarão”
    Lev 20:15 diz: “Se também um homem tiver coito com um animal, será morto”;
    Lev 20:27 diz: “O homem ou mulher que sejam necromantes [consulta a mortos, similar ao que fazem médiuns espíritas] ou sejam feiticeiros serão mortos; serão apedrejados”
    Lev 24:16 diz “Aquele que blasfemar o nome do SENHOR será morto”;
    Deut 18:20 diz: “o profeta que presumir de falar alguma palavra em meu nome, que eu lhe não mandei falar, ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta será morto”.

    Há duas situações, porém, onde mesmo havendo morte/assassinato sem qualquer necessidade, o causador da morte, ainda assim, não seria punido. A primeira é quando um hebreu proprietário de escravo batesse no escravo e ele morresse.

    Êx 21:20-21 diz assim: “Se alguém ferir com bordão o seu escravo ou a sua escrava, e o ferido morrer debaixo da sua mão, será punido [não será morto, só punido] porém, se ele sobreviver por um ou dois dias, não será punido, porque é dinheiro seu. [ou seja, caso a morte do escravo acontecesse depois de 3 dias do ferimento, não deveria haver nem mesmo punição!].

    A segunda situação é precisamente quando ocorria um aborto fruto de confronto físico.
    Êxodo 21:22 assim diz “Se homens brigarem, e ferirem mulher grávida, e forem causa de que aborte, porém sem maior dano, aquele que feriu será obrigado a indenizar segundo o que lhe exigir o marido da mulher; e pagará como os juízes lhe determinarem”. Ou seja, o texto bíblico não considerou o aborto algo de “maior dano”. No caso citado, bastaria pagar uma multa caso o prejuízo fosse “somente” o aborto.

    Em suma, seguindo a “lógica” do fundamentalista, não exegeta, Leandro Quadros, então, com base nos mesmos grupos de textos que ele reconhece ser o fundamento para a pena de morte hoje, além de homicidas, deveríamos matar também quem for dedicado a Deus para holocausto (Lev 27:29); matar quem trabalha dia de sábado (Num 15:31-35; Êx 31:14.15); matar quem pronuncia alguma maldição contra pai ou mãe (Êx 21:27); matar quem praticar zoofilia (Êx 20:9); matar os adúlteros héteros (Lev 20:10); matar o homem que tenha coito com sua nora, e também essa nora (Lev 20:12); matar homem que tenha coito com uma mulher e com a “sogra”, neste caso, os três devem ser queimados (Lev 20:14); matar os homossexuais do sexo masculino (Lev 20:13); matar pessoas que “falam” com os mortos ou fazem feitiço (Lev 20:27); matar aquele que blasfemar o “nome do Senhor” (Lev 24:16); matar os falsos profetas que falam em nome de Deus (YHHW) ou em nome de alguma divindade diferente (Deut 18:20).
    Seguindo o mesmo fundamento, não se deve matar um indivíduo que espanque seu serviçal, mas este somente morra partir de três dias. Caso o servo morra antes, o patrão assassino precisa de alguma punição, mas não a morte (Êx 21:20-21); e, mais curioso ainda, também não se deve matar quem, em razão de agressão física, fizer uma mulher abortar( e se a mãe optar pelo aborto?). Se a consequência mais grave da agressão for o aborto, então, o causador do aborto deverá pagar uma multa (Êx 21:22).

    Leandro Quadros conclui seu texto dizendo que “a pena capital não é questão cultural, válida apenas para uma nação teocrática”. Ou seja, as leis sobre pena capital são válidas para hoje.
    A grande pergunta é, por que um fundamentalista como Leandro Quadros, que defende a vigência das leis do Pentateuco que tratam precisamente da pena de morte, não segue de forma harmônica todo o ensino do Pentateuco sobre pena capital? Por que ele seleciona apenas os poucos versículos que aplicáveis a homicidas, mas nada diz sobre as ordens divinas para matar quem trabalha aos sábados, os médiuns espíritas (comunicação com mortos), os adúlteros etc.? Se apena capital não era válida apenas para uma nação teocrática (mas também para nossa atual democracia), por que ele não menciona os textos que manda queimar certos coitos incestuosos (coito com nora, com sogra etc.), os homossexuais, pessoas que blasfemam contra a divindade judaico-cristã ou amaldiçoam os pais? Como é que um indivíduo desse critica um documento oficial e diz aquilo que a igreja deveria ensinar, mas não segue seu próprio ensino e método interpretativo? Curiosamente, Quadros, usando a mesma Bíblia, noutros lugares, em nome da sacralidade da vida, também é contra o aborto (é assassinato?), mesmo que os livros bíblicos citados por ele, neste caso específico do aborto, só aplicam uma “multazinha” ao causador!

    Talvez um dia, o dicionário dará como sinônimo de “contradição” a seguinte definição: cristão conservador fundamentalista. Se for um dicionário ilustrado, trará uma imagem de Leandro Quadros.

      1. Carliane: amanhã você verá a falácia de tal comentário. Espero que você e Rodrigo tenham humildade para reconhecerem isso.

        Gostaria que você argumentasse em torno dos textos que apresentei, dando sua interpretação. Assim poderei saber se com propriedade pode afirmar que meu post foi um “desastre”.

        Na verdade, vários internautas estão me dizendo que graças ao artigo, estão mudando de opinião, e passando a valorizar a vida como Deus valoriza em Gênesis 9:6.

        Por falar o texto, como você interpreta Gênesis 9:6 e Romanos 13:1-5?

        Até amanhã.

    1. Rodrigo: amanhã responderei ao seu comentário – tanto mal educado quanto sem noção alguma de exegese bíblica. Além disso, seu conhecimento de Ética Cristã é bastante limitado, bem como sua capacidade de argumentação.

      Não gosto de apontar esse tipo de coisa, mas você está merecendo.

      Amanhã nos falamos, e toda sua falácia argumentativa será demonstrada.

    2. Eu li todos os artigos e não me convenceram nem um pouco. Nesse aqui ele só passou por alto o sentido das passagens que cita, para dar a impressão de que conhece bem a Bíblia, mas não se aprofundou para responder a crítica do internauta.
      É notório também que ele usa muito da opinião subjetiva de vários “teólogos” para forçar uma interpretação dos textos bíblicos favorável à pena de morte, quando não era exatamente ali que o texto bíblico queria chegar.
      Todos os seus puxa-sacos aqui, muito provavelmente não sabem interpretar nada, nem mesmo em sua própria língua, uma vez que nem perceberam a manipulação.
      Eu continuo acreditando que a tal pena de morte do Antigo Testamento é impossível de ser praticada hoje em dia pelos estados modernos. E essa persistência paranóica do Leandro, cercado desse bando de ignorantes puxa-sacos em querer forçar isso no meio cristão, só me faz desconfiar dele cada vez mais.
      E infelizmente não é de hoje que a IASD tem sido conivente com esse tipo de apostasia. Durante todo o século XX foi assim. Há escândalos terríveis registrados em suas próprias publicações, que só tendem a fazer a situação da igreja se agravar, se ela não tomar as devidas providências disciplinares.
      A essa altura eu já acho algo inevitável que ele seja expulso do ministério e, talvez até excluído da igreja.

  19. Excelente explanação sobre assassinatos, não tinha me apercebido sobre a lei q Deus deixou com relação a Taís crimes, obrigada professor por mais essa aula, um grande abraço

  20. Caro prof e pastor Leandro Quadros,

    Apesar de ser favorável a pena capital, não considero aplicável no Brasil, como o Sr mesmo colocou no artigo tendo em vista a justiça corrupta brasileira. Imagine a pena de morte válida aqui, onde mais de 70% dos encarcerados, condenados ou não, são pobres e negros. Em se tratando de homicidio são poucos os brancos e abastados presos e condenados (lembro da menina q matou os pais e a moça do dono da yoki). Posso estar equivocado, portanto sinta-se a vontade para me corrigir.

    1. Estimado Roberto: sua preocupação é legítima. Noutro artigo abordarei essa temática e apresentarei algumas soluções bíblicas para esse dilema moral de nosso sistema judiciário. Um abraço e obrigado por seu comentário!

  21. Vc tá louco? Totalmente equivocada sua interpretação sobre o assunto e mais ainda sobre a graça e misericórdia.
    O Sr precisa estudar mais sobre Jesus e nossa missão.

    1. Mari: quando você diz que alguém “está louco” e que “precisa estudar mais”, está transferindo para essa pessoa as suas debilidades! Eu estudei e escrevi um artigo de 12 páginas (e outro de umas 40). E você? Estudou? Leu o artigo todo? Outra pergunta: VOCÊ TEM ARGUMENTOS BÍBLICOS para provar que minha interpretação (e dos comentaristas que citei) está errada? Se não, peça a Deus humildade, pois do contrário, permanecerá cega.

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Sobre o Autor
Prof. Leandro Quadros

Com mais de 20 anos de ensino sobre a Bíblia em igrejas, congressos e programas de TV e rádio, desenvolvi diversos conteúdos – e-books, audiolivros e cursos; para compartilhar os meus aprendizados e tornar acessíveis temas teológicos complexos.

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