Leandro Quadros

A palavra plural “vidas” reafirma a reencarnação?

Um espírita argumentou que a palavra “vida” no hebraico é plural e, por isso, a doutrina da reencarnação seria bíblica. Isso é verdade? Há outros argumentos mencionados por ele e gostaria que me ajudasse…

Introdução

Severino Celestino da Silva tem argumentado fortemente a favor do espiritismo sem considerar a opinião bíblica sobre a natureza humana. A seguir mencionarei alguns dos argumentos dele com as devidas respostas bíblicas para tais afirmações.

Você verá que a doutrina da reencarnação não é bíblica e, portanto, originou-se na mente de outro autor – aquele chamado “príncipe das trevas”, em quem não há verdade (Jo 8:44).

Inicialmente recomendo que todo espírita leia o livro “Por Que Não Sou Mais Espírita”, de Maurício Braga (Casa Publicadora Brasileira – www.cpb.com.br). Esse advogado foi professor kardecista e seu contato com a Bíblia o fez rejeitar definitivamente o espiritismo.

O amigo espírita também poderá acessar no blog do programa (www.novotempo.com/namiradaverdade) a série de nove estudos que preparei sobre o assunto. Basta digitar no campo “Busca” a palavra “espiritismo”.

As variantes nas traduções bíblicas

Em um programa de TV Silva citou as diferentes traduções para o Salmo 19:8, por exemplo, para provar que as versões da Bíblia não são “confiáveis”. Ele desconsiderou que a variação de uma tradução para a outra não necessariamente contradiz a ideia central do texto e, que uma mesma palavra pode ter significados sinônimos.

Qualquer pessoa pode saber que os tradutores não traduzem a Bíblia para se contradizerem ou mostrarem quem é o melhor. As várias traduções da Bíblia existem para nos mostrar que a mesma ideia contida no texto pode ser apresentada de diferentes palavras e/ou formas de linguagem.

Foram tantas as aberrações sugeridas por Severino Silva que alguém pode pensar que todos erraram e que só ele e um professor ou outro de hebraico sabem da verdade sobre a correta tradução bíblica…

Ele disse que tem 22 Bíblias traduzidas para o português, mas, não parece que tenha dedicado tempo em estudá-las de forma coerente como Jesus, que ensinou em Lucas 24:27, 44 a doutrina da ressurreição e não a reencarnação. Afinal, ele ressuscitou e não “reencarnou”. E isso deveria nos dizer muito sobre no que realmente os judeus acreditavam!

As “contradições” que Silva encontrou nas traduções bíblicas são o resultado dos pressupostos espíritas dele e não da verdade dos fatos.

A natureza humana

Ao tratar do assunto “vida após a morte” ele esbarra num fato primordial: o de que o Hebreu via a natureza humana como sendo holística. Textos como Gênesis 2:7, Salmo 6:5, 13:3, 115:17 e 1 Tessalonicenses 5:23 nos mostram que na visão veterotestamentária (e neotestamentária, no caso da primeira carta a Timóteo) não há espaço para a “imortalidade da alma” fora do corpo.

Consequentemente, os Hebreus – em momento algum – escreveriam sobre a reencarnação, doutrina estranha à Bíblia e a toda base filosófica holística sobre a qual ela se encontra.

Os hebraístas têm consenso quanto a isso. Não é uma ideia minha.

Isso em si derruba toda a tese de Silva. Ainda mais se levarmos em conta que Elias “não precisou ser reencarnado” para atingir uma plenitude espiritual, pelo fato de ele ter ido vivo para o Céu (2Rs 2:1-18).

A Bíblia nega que Elias tenha “reencarnado em João Batista” e nos leva a questionarmos a veracidade do espiritismo no seguinte ponto: se a reencarnação existe, por que apenas Enoque (Gn 5:24) Moisés (Jd 1:9) e Elias (2Rs 2:1-18) teriam ido para o Céu (e chegado a um alto nível espiritual) sem terem reencarnado como “os demais” seres humanos?

Silva terá de responder a essa questão e provar que a mentalidade hebraica fazia separação entre a “alma” e o corpo, se quiser que o espiritismo seja verdadeiro (espero que ele não cite Gn 35:18 e 1Rs 17:21, 22, pois, a palavra “alma” empregada não significa o que ele quer ela signifique)

Ele também precisará provar que todos os textos contra o espiritismo foram mal traduzidos (como, por exemplo, Lv 19:31; Dt 18:10-14).

A palavra “vida” no hebraico

O argumento de que “vida” no hebraico pode ser traduzida por “vidas” não apóia a doutrina da reencarnação, pois, como vimos, a compreensão hebraica sobre a natureza humana (holismo) não se harmoniza com a doutrina espírita.

Sobre a pluralidade do termo “vida”, assim se expressou o erudito Stanley M. Horton:

“… Comentários mais antigos aceitam o plural hebraico, “fôlego de vidas”, e entendem que se refere à vida animal e intelectual, ou à física e espiritual. A Bíblia revela, de fato, que o espírito do próprio homem provém de Deus e voltará para Ele (Eclesiastes 12.7; Lucas 23.46; ver também João 19.30 onde Jesus entregou seu espírito). Outros trechos também enfatizam que Deus é a origem da vida e que o seu Espírito a produz (Jó 27.3;33.4). Se Ele a retirasse, toda a vida chegaria ao fim (Jó 34.14,15). Mesmo assim, possuir “fôlego de vida” é atribuída a todos quantos morreram no Dilúvio (Gênesis 6.17;7.22), bem como a todos os animais que entraram na arca (Gênesis 7.15). Sendo assim, uma atitude mais lógica reconhece que o plural hebraico não fala aqui de tipos diferentes de vida.

“No Hebraico, o plural é freqüentemente usado para representar plenitude, ou algo que flui. (Água sempre está no plural em Hebraico). É usado, também, para alguma coisa que revela muitos aspectos ou expressões. (As palavras face e céu também estão sempre no plural em Hebraico). A atenção em Gênesis 2.7, portanto, não recai no tipo de vida tanto quanto na origem da vida. O “fôlego de vida” pode simplesmente significar o fôlego ou Espírito de Deus que produz a vida, que dá ao homem seu “fôlego vital” ou sua “faculdade da vida”…” (“O que a Bíblia Diz Sobre o Espírito Santo”. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 1993, p. 12. Grifos acrescentados.)

Além disso, Hebreus 9:27 prova definitivamente que “vidas” no hebraico não se refere a diferentes tipos de vida. O judeu que escreveu o texto também compreendia a natureza humana como sendo um todo inseparável (holística) e, por isso, escreveu:

“E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo”

O texto afirma que o ser humano morre apenas uma vez (há casos especiais como o de Apocalipse 1:7). Se morre “uma vez”, não pode vir a reencarnar e ter “vidas”.

Conclusão

Como cristãos preferimos aceitar a tradução de Isaías 8:19, 20 que nos mostra ser o espiritismo (veja: não o espírita) obra do engano:

“Quando disserem a vocês: “Procurem um médium ou alguém que consulte os espíritos e murmure encanta­mentos, pois todos recorrem a seus deuses e aos mortos em favor dos vivos”, respondam: “À lei e aos mandamentos!” Se eles não falarem conforme esta palavra, vocês jamais verão a luz!” (Nova Versão Internacional).

Esse texto deixa clara a existência de uma tensão entre a Bíblia e o espiritismo. Sendo que duas coisas contraditórias não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo, a razão nos diz que devemos aceitar um (a Bíblia) e rejeitar o outro (o espiritismo).

Com isso finalizo tal exposição deixando a Silva a responsabilidade de “provar” que, filosoficamente, duas coisas opostas são verdadeiras.

[Postarei esta resposta no blog para que outros tenham acesso a ela. Obrigado por me escrever!]

Um abraço e conte comigo sempre,

Leandro Quadros.

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Uma resposta

  1. O Dr. Severino prof. tem doutorado em Israel no hebraico, não apenas gramatical como no Brasil, muito além, é fidelizado por metodologia científica lá em Israel. Eu em mais de 6 anos na net, não vi um tradutor com tais requisitos. O mesmo método científico q usou no doutorado da sua profissão, usou-o em Israel.

    Suas obras, venderam e vendem no mundo inteiro. É fidelizada em Israel por autoridade e instituição rabínica, fidelizada por autoridades eclesiásticas e autoridade gramatical, ao idioma a ser traduzido. A tradução gramatical, não compreende a cultura judaica, é necessária segundo grandes autoridades rabínicas como David Cooper, o rabino, já falecido, presidente da academia de ciências matemáticas hebraica nos U.S.A, e tantos outros, o entendimento dos símbolos, e suas raízes, a desmembração do símbolo, pois letras e números misturavam-se no hebraico arcaico e aramaico, e a ideia de cada símbolo em que sua raíz ancora-se. Existe no Brasil, alguma tradução assim, o senhor conhece????

    Bem mais: Todo estudo moderno, feito por pesquisadores independentes, nos U.S.A, de forma especial na Europa, de 12 anos para cá, por cientistas céticos ou protestantes, sobre percepções extra-sensórias ( termo técnico para mediunidades), criada por médicos, cientistas e os primeiros três psicólogos como William James , precursores da Psicologia, e o pai da Psicologia Analítica, Carl G. Jung, usando na psicologia, psicanálise-psiquiatria e neurociências, surge com o Espiritismo, e pode-se dizer q a Psicologia e Medicina forense americana, idem, pois lá estavam seus pais, e entre outros os 4 maiores metodologistas em ciências, além de dois Nobel em medicina, q irão dar origem à Medicina moderna de transplantes e cirurgias, Alexis Carrel , de forma especial Charles Richet; os dois pais das telecomunicações (cabos), Crowell e Oliver Lodge, físicos, filósofos, na contraprova científica do Espiritismo , 40 anos depois de Kardec aprox, TODOS ESTES EXPERIMENTOS MODERNOS, FEITOS por cientistas ou ATEUS OU PROTESTANTES NA EUROPA, nos 12 últimos anos, por grupos de pesquisa diferentes, Objeto diferentes, ambientes diferentes, TODOS, SEM EXCEÇÃO, comprovam CIENTIFICAMENTE O ESPIRITISMO, COMO ÚNICO NA HISTÓRIA HUMANA.

    Muito mais: Depois da revisão do projeito genoma, TODA a literatura técnica espírita, e psicografia técnica, cuja única escola do mundo é o ESPIRITISMO, foi demonstrada a literatura espírita, como ÚNICA NA HISTÓRIA HUMANA.
    As últimas 4 publicações científicas, nos ramos mais altos das ciências em neurofisiologia moderna, PROVAM AS OBRAS ESPÍRITAS COMO ÚNICAS NA HISTÓRIA HUMANA.

    É simples: só montar um grupo de contraprova e refutar os maiores grupos de pesquisa cientifica e a 1ª ou 2ª maior revista de revisão científica do planeta, ou seja, fica hilário, pois para refutar o Espiritismo hj, deva-se refutar antes as ciências em várias áreas.
    A metodologia espírita, é estudada em Univ no exterior e no Brasil. NO exterior, não se tem o Espiritismo como religião, pois não é , e sim uma ciência, e este, é estudado em grupos restritos em Univ de ponta.

    A proposta espírita em psicologia profunda, é apresentada anualmente perante a psicologia moderna, a regulamentação da OMS – Organização mundial de saúde, e na terapêutica, a certos transtornos não ajustáveis química e terapeuticamente, ou depressões clínicas não ajustáveis, a literatura espírita, tbm tem uma terapêutica, quando à causa, profilaxia, e causa primária das dores difusas, e só o Espiritismo e as ciências de ponta, tem um estudo profundo, sobre o cérebro, o complexo pineal-tálamo, o córtex lobo frontal, gânglios e pré-frontal, só nos últimos anos sendo descoberto pelas ciências deponta, por estas publicações científicas, como SEDE DO HOMEM HISTÓRICO, OU NOSSO “EU PROFUNDO”.

    Tem a física atÔmica quântica q ano a ano, vem confirmando tbm a literatura espírita, ou seja, para refutar o Espiritismo, deva-se refutar três grandes ramos das ciências atuais: neurofisiologia, psicologia moderna e física atômica quântica.

    O senhor não notou ainda q um profeta era um médium??????
    O Dr. Severino prof. vive da sua profissão, e a arrecadação da sua obra “Analisando as traduções”, vende no mundo inteiro, e ele destina a renda à pesquisa.

    Nota: dos 12 experimentos e duas da 4 últimas publicações cientificas, duas são da literatura técnica espírita. Estão na NEUROENDOCRINOLOGY-LETTERS , e o resto, simplesmente comprova o Espiritismo, no q diz respeito ao espírito, ao cérebro e atividade elétrica, o GENE, não ter controle no núcleo, e dos 12 experimentos científicos em todo planeta, três são espíritas, o resto, só confirma
    o Espiritismo.
    Abração e Paz de Jesus.

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Sobre o Autor
Prof. Leandro Quadros

Com mais de 20 anos de ensino sobre a Bíblia em igrejas, congressos e programas de TV e rádio, desenvolvi diversos conteúdos – e-books, audiolivros e cursos; para compartilhar os meus aprendizados e tornar acessíveis temas teológicos complexos.

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