Leandro Quadros

Ricos: 5 Razões Pelas Quais Eles Não São uma “Minoria Perigosa”

Ricos são uma “minoria perigosa”. Inesperadamente, tal ideia foi tirada de um muro de presídio, e postada no Instagram do Pr. Ed René Kivitz. (Veja imagem acima👆):

Primeiramente, só há um jeito de uma pessoa sensata concordar com a frase postada: se entre ela estiver a palavra POLÍTICOS. Veja como ficaria:

“A única minoria perigosa são os POLÍTICOS ricos”.

De outro modo, a frase não passa de socialismo barato, totalmente fora da realidade e que não conduz pessoas a Jesus Cristo.

Antes de mais nada, como bem concluiu Norman Geisler:

“O marxismo apresenta um idealismo admirável de objetivos (utopia), mas demonstra um registro miserável de realizações. A realidade nos países marxistas levou milhões mais para perto do inferno que do paraíso”.[1]

Dessa forma, darei cinco razões para discordar da frase postada, pois ela não condiz com a Bíblia. Analogamente, nem com a vida real.

As 5 Razões

1) Primeiramente, a realidade mostra que é a minoria de “políticos ricos” que é perigosa, pois roubam fortunas para eles e dão migalhas para os pobres. Além disso, privam os pobres de receberem seus direitos mais básicos. Há muitas pessoas ricas não porque elas roubam, mas por trabalharem e terem a bênção de Deus.

2) Em segundo lugar, essa minoria de políticos nem faz parte de algum tipo de obra assistencial. E quando o faz, na maioria das vezes, há intenções escusas por trás. Em contrapartida, há muitas pessoas ricas que doam somas significativas do próprio patrimônio para obras de caridade.

3) A vida real e os fatos comprovam que há abastados muito generosos, assim como há pobres bem mesquinhos (e vice-versa).

Desse modo, a seguir relacionarei apenas 7 dos 20 bilionários que mais doaram dinheiro para obras de caridade. Atente também para o “Índice de Generosidade”, que equivale à porcentagem do patrimônio pessoal que foi doado. Você se surpreenderá e desmistificará esse mito criado para separar ricos e pobres.

Ricos: 7 bilionários generosos e não “perigosos”

  • Bill Gates
    1. Doações: US$ 27 bilhões (R$ 103, 3 bilhões)
    2. Índice de Generosidade: 32%
  • Warren Buffett
    1. Doações: US$ 21,5 bilhões (R$ 82 bilhões)
    2. Índice de Generosidade: 35%
  • George Soros
    1. Doações: US$ 8 bilhões (R$ 30,6 bilhões)
    2. Índice de Generosidade: 33%
  • Azim Premji
    1. Doações: US$ 8 bilhões (R$ 30,6 bilhões)
    2. Índice de Generosidade: 50%
  • Charles Francis Feeney
    1. Doações: US$ 6, 3 bilhões (R$ 24 bilhões)
    2. Índice de Generosidade: 420.000 %
  • Sulaiman bin Abdul Aziz Al Rajhi
    1. Doações: US$ 5,7 bilhões (R$ 21,8 bilhões)
    2. Índice de Generosidade: 966%
  • Gordon Moore
    1. Doações: US$ 5 bilhões (R$ 19 bilhões)
    2. Índice de Generosidade: 77%

Antecipadamente, se desejar, veja a listagem completa na matéria da Época Negócios, Clicando Aqui.

Em suma: dizer que todo rico é opressor, e que todo pobre é oprimido, beira a infantilidade. É uma violência contra a razão. É provável que seja também indício da necessidade de auxílio psicoterápico.

As 5 Razões – Continuação

4) A Bíblia ensina que a pessoa generosa, prospera. Portanto, a riqueza não pode ser relacionada a uma “minoria perigosa”, como sugere a imagem postada. Além do mais, ao abençoar, Deus estaria “criando pessoas perigosas”:

“A pessoa generosa prosperará; quem dá de beber será dessedentado” (Pv 11:25).

“É a bênção do Senhor Ele dá, mas para depois tirar muito mais que enriquece ; nossa fadiga nada lhe acrescenta” (Pv 14:22)

Em suma: especialmente para Provérbios 14:22, a bênção não vem do Diabo. Além disso, Deus não cria “pessoas perigosas” ao abençoá-las.

Simultaneamente, para não estimular o ser humano à preguiça (mesmo que deva ser ajudado), ou a depender do governo para ser alguém na vida, a Bíblia adverte:

“Mão preguiçosa empobrece; mão diligente enriquece” (Pv 10:4).

“De fato, quando estávamos convosco, nós vos dávamos esta ordem: se alguém não quiser trabalhar, também deixe de comer!” (2Ts 3:10 – Tradução Ecumênica da Bíblia)

5) Sempre existirão os pobres.

Antes de tudo, enquanto existir o pecado no mundo e Jesus não voltar, nosso mundo nunca deixará de ter pessoas pobres:

“E porque não cessará de haver pobres no meio da terra, eu te dou este mandamento: abrirás tua mão largamente para teu irmão, para teu indigente e para teu pobre na terra” (Dt 15:11. Leia o contexto a partir do verso 1).

Ainda assim, isso não quer dizer que Deus ama a miséria, pois Ele é dono da prata e do ouro (Ag 2:8).

Segundo a Bíblia, a existência da pobreza se dá em resultado do pecado e, já que ela existe, através dela Deus deseja educar seus filhos para a prática do bem. Como resultado, o Senhor deseja ensinar os que têm mais a serem generosos com o irmão mais pobre. Do mesmo modo, Ele quer ensinar o pobre a crescer, para que possa ajudar outras pessoas, formando assim um círculo de amor e de ajuda ao próximo, ao invés de um círculo vicioso de vitimização doentia.

Ou seja: mais uma vez se vê que essa história de “luta de classes” é uma bobagem sem tamanho, e não condiz com os propósitos educacionais (pós-pecado) e redentivos de Deus.

Ricos: contribuição de Ellen White para o tema

Em conclusão, a citação a seguir de Ellen G. White é bastante esclarecedora:

“Não é plano de Deus que a pobreza desapareça do mundo. As classes sociais jamais deveriam ser igualadas; pois a diversidade de condições que caracteriza os seres humanos é um dos meios pelos quais Deus tem pretendido provar e desenvolver o caráter

“Muitos têm insistido com grande entusiasmo que todos os homens devem ter parte igual nas bênçãos temporais de Deus; mas este não era o propósito do Criador. Cristo afirmou que sempre teremos conosco os pobres. Os pobres, bem como os ricos, são comprados por Seu sangue; e, entre os Seus professos seguidores, na maioria dos casos, os primeiros O servem com singeleza de propósito, enquanto os últimos estão constantemente colocando as suas afeições nos tesouros terrenos, e Cristo é esquecido..

“Os cuidados desta vida e a ambição das riquezas eclipsam a glória do mundo eterno. Seria a maior desgraça que já sobreveio à humanidade se todos devessem ser colocados em posição de igualdade em possessões terrenas”.[2]

Em outras palavras, no contexto pós-pecado, essa é a nossa realidade e necessidade: ser provados e desenvolver o caráter e a benevolência no contexto da pobreza que há no mundo.

A Bendita Esperança da 2a Vinda de Cristo

Todavia, quando Cristo voltar e todos vivermos na Pátria Celestial (Fp 3:20; Hb 11:10, 16) sem pecado, poderemos ser igualados em questão de posses materiais. Afinal, não precisaremos mais ter o caráter provado e desenvolvido nesse aspecto.

Inegavelmente, todos – ricos e pobres, homens e mulheres – são iguais à sombra da cruz (Gl 3:38-29), de tal forma que poderão caminhar com Cristo na cidade “de ouro puro, semelhante a vidro límpido” (Ap 21:18) e comer do fruto da “árvore da vida” (Ap 22:2).

Definitivamente, seremos “bilionários” com Cristo (cf. 2Co 8:9), e não haverá limites para a riqueza de amor, conhecimento e de bens maravilhosos e úteis que poderemos desfrutar, vindos das mãos do Criador.

Considerações finais

Por conseguinte, creio que teria sido muito mais produtivo e respeitoso para com vítimas de criminosos, extrair um pensamento de um livro ou texto bíblico. Em outras palavras, não há um porquê de tirar um pensamento desses do muro de um presídio.

Afinal, ali se encontram os grandes opressores das pessoas de bem: assassinos, estupradores, pedófilos, ladrões, traficantes, etc.

Em contraste, não duvido do perdão divino e da salvação em Cristo para os presidiários. Dei estudos bíblicos em presídios diversas vezes, e sei que em tais locais também há filhos de Deus.

Logo, apenas quero destacar um fato óbvio: que os maiores opressores estão nos presídios e em funções políticas. Surpreendentemente, para muitos, isso não é tão óbvio assim, por causa da cegueira ideológica e de certo nível de torpeza espiritual.


Leia também: “Manifesto do Partido Comunista, Bíblia e Ellen White”, CLICANDO AQUI.


Referências

[1] Norman L. Geisler, Enciclopédia de Apologética: respostas aos críticos da fé cristã (São Paulo: Vida, 2002), p. 549. Grifos acrescidos. Veja-se o verbete “Marx, Karl”.

[2] Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, vol. 4, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2012), p. 552. Grifos acrescidos.

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Sobre o Autor
Prof. Leandro Quadros

Com mais de 20 anos de ensino sobre a Bíblia em igrejas, congressos e programas de TV e rádio, desenvolvi diversos conteúdos – e-books, audiolivros e cursos; para compartilhar os meus aprendizados e tornar acessíveis temas teológicos complexos.

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